sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ipea debate perspectivas do Brasil para a COP 15 nesta terça, 24, em Brasília

Representantes que apresentarão a posição do Brasil na Conferência sobre Mudanças Climáticas participam de seminário
da página do Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio do Fórum Ipea de Mudanças Climáticas, promove na terça-feira, 24 de novembro, às 14h, no auditório do Instituto (SBS, Q. 1, Bl J, Ed. BNDES, Brasília-DF), o seminário Brasil Rumo a Copenhague: Perspectivas para a COP 15 de Mudanças Climáticas. O encontro será transmitido on-line pelos sites do Instituto (www.ipea.gov.br e www.agencia.ipea.gov.br).

Os palestrantes do seminário fazem parte da comitiva do governo que apresentará a posição do Brasil durante a 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a realizar-se em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro. A delegação será chefiada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O Ipea estuda uma série de ações de longo prazo voltadas para a formulação de políticas públicas de sustentabilidade ambiental e de adaptação às mudanças climáticas no País. O evento é aberto ao público, e as inscrições podem ser feitas pelo e-mail eventos@ipea.gov.br. Mais informações com Adriana Moura (adriana.moura@ipea.gov.br, 61 3315-5032) ou Gustavo Luedemann (gustavo.luedemann@ipea.gov.br, 61 3315-5552).

Fórum Ipea de Mudanças Climáticas
24 de novembro- 14h às 18h30


Programação

14h - Apresentação do evento
Marcio Pochmann, presidente do Ipea
Liana Carleial, diretora da Dirur-Ipea
José Aroudo Mota, coordenador de Meio Ambiente, Dirur-Ipea

14h15 - Abertura
Sergio Machado Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia
Sergio Serra, embaixador extraordinário para a Mudança do Clima
Izabella Teixeira, secretária executiva do Ministério do Meio Ambiente

14h45 - Palestrantes
Susana Khan Ribeiro, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente

15h15 - José Miguez, coordenador-geral de Mudança Global do Clima do Ministério de Ciência e Tecnologia

15h45 - Sérgio Serra, embaixador extraordinário para a Mudança do Clima do Ministério das Relações Exteriores

16h15 - Senadora Ideli Salvatti, presidente da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas do Senado Federal

16h45 - Intervalo

17h - Debates

18h - Encerramento
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Ainda sobre Marcio Pochmann, presidente do Ipea...
Há raras análises econômicas que dissecam a raiz da problemática ambiental. Marcio Pochmann faz essa análise com maestria, neste texto (confira abaixo), da reestruturação. Fiquei impressionada com sua lucidez e conhecimento do tema, durante a abertura do Fórum IPEA de Mudanças Climáticas, ano passado, precisamente no dia 11 de maio de 2008, em Brasília e que tem prosseguimento na próxima terça, 24 de novembro. (Zilda Ferreira, da Equipe do Blog EDUCOM)


A marcha da reestruturação

por Marcio Pochmann*
Superar a crise requer outro padrão de financiamento de longo prazo, novo modelo de produção e consumo e inédita governança global

OITENTA ANOS após a mais grave depressão econômica do século 20, o mundo capitalista convive com uma grave crise de dimensões financeiras, produtivas, sociais e políticas comparáveis à de 1929. A sua superação pressupõe, contudo, a construção de outro padrão de financiamento de longo prazo, de um novo modelo de produção e consumo sustentável ambientalmente e de inédita governança pública global do mundo.

Em síntese, esses são três componentes complexos não desprezíveis para sua imediata resolução e que podem implicar maior tempo do que atualmente imaginado para a saída completa da atual crise internacional.

Apesar disso, diversos países apontam mais rapidamente para o horizonte de recuperação econômica, fruto do êxito das políticas públicas nacionais anticíclicas adotadas.

Mesmo com a queda de quase 12% na produção industrial entre outubro de 2008 e março de 2009, o Brasil apresenta fortes indicadores, não só econômicos, de saída mais fortalecida da crise, sem ter interrompido, inclusive, a tendência de redução da pobreza absoluta e da desigualdade no interior da renda do trabalho nas principais regiões metropolitanas do país.

Essa conjuntura econômica e social nacional menos desconfortável não deveria obscurecer os crescentes desafios que a atual marcha de reestruturação capitalista impõe ao mundo.

Inicialmente, destaca-se a força da reconfiguração na divisão internacional do trabalho, já que o drástico aumento da capacidade ociosa nas grandes corporações transnacionais (apenas 500 respondem por faturamento equivalente a quase 50% do PIB mundial) resulta em profundo acirramento na concorrência intercapitalista e, por que não dizer, entre países.

Em tese, a ampliação da competição em ambiente de contida regulação internacional e inegável ineficiência das agências multilaterais pode levar ao novo quadro geral de conflitos, diretamente proporcional ao avanço dos apelos nacionalistas e de restrição dos mercados.

Simultaneamente, o processo de fusão e concentração do capital em torno das grandes corporações transnacionais tende a sufocar as oportunidades de expansão dos micro e pequenos negócios, uma vez que as fontes de crédito e de apoio fiscal tornam-se cada vez mais enviesadas pelo poder da grande empresa.

As hiperempresas transnacionais não apenas monopolizam praticamente todos os segmentos de mercado como também se tornaram tão grandes que não podem quebrar, sob o risco de causar o próprio colapso do sistema econômico.

Exemplo disso foi a manifestação da crise internacional em 2008 a partir da quebra de um grande banco estadunidense (Lehman Brothers) e a imediata e constante injeção de recursos públicos nas grandes empresas inadimplentes com o fim de impedir o avanço para uma depressão econômica mundial.

Em virtude disso, o papel "ad hoc" e hospitalar do Estado em relação ao setor privado -inimaginável até então pelos defensores do neoliberalismo- deverá levar à nova ossatura estatal. O curso da reestruturação mundial passa a exigir, em contrapartida, a formatação do superestado capacitado para as funções de monitoramento, regulação e intervenção da conduta das grandes empresas de escala mundial.

Do contrário, qualquer novo sinal de quebra dos quase monopólios globais pode implicar adicionais riscos de colapso das economias nacionais.

A importância do Estado torna-se maior na medida em que ele avance os investimentos concentrados na reformulação do padrão de produção e consumo menos degradante do meio ambiente.

A maior eficácia das ações públicas voltadas a minorar as emissões de gases de efeito estufa por meio da conscientização, tributação e promoção de alternativas ambientalmente sustentáveis passa a depender também da renovação da base tecnológica, como as iniciativas em torno da matriz energética renovável e da estrutura bioindustrial com crescente geração de empregos verdes.

A reinvenção do mercado a ser protagonizada pelo superestado não pode deixar de contemplar maior ação articulada e matricial com os micro e pequenos negócios, pois correm o risco de serem ainda mais sufocados pela consolidação da reestruturação somente em torno da grande corporação de dimensão transnacional.

*MARCIO POCHMANN , 47, economista, é presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp. Foi secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo (gestão Marta Suplicy). Este artigo foi originalmente publicado na Folha de S. Paulo em 13/10/2009
A marcha da reestrutração, no site do Ipea

Pelo Fim do Monopólio das Comunicações no Brasil

por Latuff

DEBATE ABERTO - A grande mídia e a desigualdade racial

Pesquisa do Observatório Brasileiro de Mídia revela posicionamento contrário de grandes revistas e jornais brasileiros em relação aos principais pontos da agenda de interesse da população afrodescendente (ações afirmativas, cotas, Estatuto da Igualdade Racial e demarcação de terras quilombolas).
artigo publicado em Carta Maior por Venício Lima*

O “Dia da Consciência Negra” é comemorado em todo o país na data em que Zumbi – o herói principal da resistência simbolizada pelo quilombo de Palmares – foi morto, 314 anos atrás: 20 de novembro de 1695. Muitas revoltas, fugas e quilombos aconteceram antes da Abolição em 1888.

O Brasil de 2009 é, certamente, outro país. Apesar disso, “os negros continuam em situação de desigualdade, ocupando as funções menos qualificadas no mercado de trabalho, sem acesso às terras ancestralmente ocupadas no campo, e na condição de maiores agentes e vítimas da violência nas periferias das grandes cidades”.

O estudo Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgado em outubro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, de 1998 a 2008, dobrou o número de negros e pardos com ensino superior. Mesmo assim, os números continuam muito abaixo da média da população branca: só 4,7% de negros e pardos tinham diploma de nível superior em 2008, contra 2,2% dez anos antes. Já na população branca, 14,3% tinham terminado a universidade em 2008. Dez anos antes, eram 9,7%. Entre o 1% com maior renda familiar per capita, apenas 15% eram pretos ou pardos no total da população brasileira.

A grande mídia e a desigualdade racial
Diante desse quadro de desigualdade e injustiça histórica, como tem se comportado a grande mídia na cobertura dos temas de interesse da população negra brasileira, vale dizer, de interesse público?

Uma pesquisa encomendada pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), realizada pelo Observatório Brasileiro de Mídia (OBM), analisou 972 matérias publicadas nos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo, e 121 nas revistas semanais Veja, Época e Isto É – 1093 matérias, no total – ao longo de oito anos.

No período compreendido entre 1º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2008, foi acompanhada a agenda da promoção da igualdade racial e das políticas de ações afirmativas em torno dos seguintes temas: cotas nas universidades, quilombolas, ação afirmativa, estatuto da igualdade racial, diversidade racial e religiões de matriz africana. Mais
*é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB



Nossos parabéns aos milhões de afrodescendentes espalhados pelo Brasil neste 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. Valeu Zumbi!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Grandes empresários querem excluir campo progressista da Confecom

do Blog do Rovai
Em conjunto com um grupo de empresários progressistas de pequenos veículos de comunicação estou participando da etapa estadual paulista da Conferência da Comunicação.
Na comissão organizadora estamos em seis. Pelos veículos: Associação dos Jornais do Interior de São Paulo (Adjori-SP), Agência Carta Maior e revistas Fórum, Caros Amigos e Retratos do Brasil. E ainda contamos com um representante da Cives. Somos a maioria neste grupo do qual ainda participam representantes das Teles e da Associação Brasileira de Radiodifusores (ABRA).
Durante todo o processo de construção da etapa em nenhum momento utilizamos desta maioria para impor restrições ou criar dificuldades para a participação dos representantes dos grandes grupos. Muito pelo contrário. No momento em que percebíamos que algo poderia caminhar para o dissenso buscávamos negociar, inclusive com representantes da sociedade civil.
Como participei de quase todas as reuniões posso dizer que a construção da etapa paulista da Confecom foi em alto nível. Mas, infelizmente, às vezes aparece um mas para atrapalhar a história. E agora a etapa paulista da Conferência de Comunicação corre o risco de virar um mico, ao menos no campo empresarial.
Quando os representantes da Telebrasil e da Associação Brasileira de Radiodifusores perceberam que o grupo progressista de empresários tinha capacidade de articulação suficiente para eleger uma parte considerável dos delegados, tudo mudou.
A representação empresarial paulista pode eleger 84 delegados para a etapa nacional. Eles conseguiram inscrever aproximadamente 60% neste segmento e nós os outros 40%. Ou seja, a lógica mandaria que ficássemos com algo como 34 delegados e eles com 50. Mas, e aí entre o mas na história, as empresas que lideram a ação dessas entidades (OI, Telefonica, TIM e Band) decidiram nos oferecer 10 delegados. Isso mesmo, 10 delegados. Ou ameaçam impor sua maioria para construir o que chamam de processo binário, o tal zero ou um. Cada grupo inscreveria sua chapa e quem ganhar leva tudo.
Somos pequenos, mas não somos tolos. Não aceitamos e não vamos aceitar sob hipótese alguma que essa tese prevaleça. Não existe na democracia brasileira “sistema binário”. Em nosso país a construção democrática é a da representação proporcional. Há um mínimo de respeito com o espaço das minorias.
Estou pessoalmente fazendo todos os esforços para que as pontes que construímos neste processo de diálogo com os representantes da Telebrasil e da Abra não sejam todas implodidas. Mas não basta um lado buscar o diálogo. É preciso que todos os interlocutores desejem. E como a gente conhece um pouco como as coisas se movem, até para buscar o diálogo é preciso exercer a pressão democrática.
O objetivo deste post é o de solicitar a todos os blogueiros, tuiteiros, midialivristas, pequenos veículos que ativem a nossa rede democrática de comunicação ampliando a divulgação dessa tentativa de golpe que pode vir a acontecer se não nos mobilizarmos. Além da divulgação do conteúdo deste post, solicito a todos que puderem que apareçam amanhã a partir das 16h na Quadra dos Bancários (rua Tabatinguera, 192, Centro de SP) para filmar, tuitar, fotografar e postar notas a respeito do que vai estar acontecendo na Confecom.

Nota da Equipe do Blog EDUCOM: se você tem blog, Twitter ou site espalhe essa notícia. Ou passe adiante via e-mail para seus contatos. Obrigado

Confecom: Governo tem 59 propostas para regular o setor de comunicações

Do portal Comunique-se e da Folha de S. Paulo
O governo federal elaborou 59 propostas de regulação do setor de comunicações para serem discutidas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que será realizada entre os dias 14 e 17/12 em Brasília. Os documentos já foram compilados e encaminhados aos delegados da Conferência. Entre as propostas, estão o fortalecimento dos veículos estatais e públicos, a criação de mecanismos de fiscalização de rádios e TVs privadas e o incentivo à imprensa regional.

Com o fim da Lei de Imprensa, o governo também defende um “marco legal” no direito de resposta e indenização "a prejudicados por profissionais e empresas de mídia".

Incentivo à imprensa regional
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), autora das propostas, sugeriu também a criação de mecanismos mais acessíveis de verificação de audiência e circulação para jornais e rádios de pequeno porte, o que permitiria que esses veículos recebessem publicidade institucional ou de utilidade pública.

Para essas pequenas empresas de comunicação, o ministério defende também que o governo "crie mecanismos de compra de insumos básicos, como o papel-jornal, para os pequenos jornais, similares aos modelos disponíveis aos grandes (...), melhorando sua competitividade".

Restrições e oportunidades
Além dessas propostas, a Secom pretende proibir outorgas de rádio e TV a ocupantes de cargos públicos, regular "a prática de proselitismo religioso" em rádio e TV, restringir a propriedade cruzada de veículos de comunicação e da obrigatoriedade das emissoras de TV de veicular programas de produtoras independentes.

A Secom pretende aproveitar o debate para discutir a possibilidade de criação de canais digitais de TV dos ministérios da Cultura, da Educação e das Comunicações, além de distribuir canais para sindicatos e movimentos sociais.

Marco regulatório
As propostas do governo estão sendo discutidas nos Estados responsáveis por elaborar a agenda da Confecom. O documento final do debate será avaliado pelo governo, que, a partir das ideias, poderá definir um novo marco regulatório para o setor de comunicações.

A Confecom reunirá empresas de comunicação, entidades e representantes do setor. Em agosto desse ano, algumas delas se desligaram da Conferência, como a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Brasileira de Internet (Abranet), Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABTA), Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), Associação dos Jornais do Interior (Adjori) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ), pela possibilidade do debate permitir a aprovação de teses contrárias às defendidas pelas entidades, consideradas restritivas à liberdade de expressão e de livre associação empresarial.

Entre as entidades patronais, participam ainda a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) e Associação Brasileira de Radiodifusão (Abra). A maior parte dos participantes é composta por representantes do governo, organizações de trabalhadores e ONGs ligadas ao setor.

Nota da Equipe do Blog EDUCOM: É mais do que urgente uma nova política de comunicação para o país que democratize o setor. Precisamos derrubar também este latifúndio, o latifúndio midiático, a concentração da mídia nas mãos de poucos. Comunicação é cidadania e direito. Comunicação é educação e informação. Informação é poder.

E, é claro, "eles" já estão preocupados...

Porky's contra a liberdade
A velha mídia e sua batalha inglória

Primeiros pontos de Mídia Livre selecionados pelo MinC estarão reunidos em Vitória

Dezembro será decisivo para a definição de uma nova e verdadeiramente democrática política de comunicações para o Brasil. Entre os dias 3 e 6 de dezembro, no campus da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, acontece o II Fórum Nacional de Mídia Livre. Na semana seguinte, fechando um ano que pode ser marcante, teremos finalmente a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), programada para os dias 14, 15, 16 e 17, em Brasília. A partir deste post, começamos a destacar alguns pontos que estarão em debate, enfim, o que estará em jogo em Vitória e na capital federal.


MinC vai reunir Pontos de Mídia Livre em Vitória/ES
da página do II Fórum de Mídia Livre

O programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura (MinC), vai reunir, nos dias 05 a 06 de dezembro, em Vitória/ES, todos os 82 Pontos de Mídia Livre selecionados no primeiro edital público (MinC) voltado a reconhecer e premiar iniciativas de mídia livre e comunicação compartilhada desenvolvidas por organizações da sociedade civil. A proposta é a formação da rede nacional de articulação, a fim de ampliar as parcerias e perspectivas de construção de políticas públicas duradouras para o setor, encontrando ainda indicações de caminhos de sustentabilidade para os projetos.

Confira a programação:
Encontro para a articulação e formação da Rede Pontos de Mídia Livre

Coordenação: Zonda Bez (MinC) e Ivana Bentes (UFRJ)

Dias 5 – 9h30 às 12h30
Juntando as Pontas dos Pontos de Mídia Livre
* Apresentação dos Pontos e temas para discussão;
* Sistematização das propostas do grupo para discussão coletiva;

Indicações: construção da rede de articulação e compartilhamento na web; mapeamento dos pontos (mapa IPSO); resultados da aplicação dos recursos; desdobramento do edital no âmbito estadual e municipal;desafios da sustentabilidade;

* Discussão;
* Encaminhamentos e resoluções;

Dia 6 – 9h30 às 12h30

Caminhos e perspectivas: mídias livres e políticas públicas

* Mesa “Pontos de mídia livre: focos de atuação e proposições para 2010”
* Apresentação das resoluções do dia anterior;
* Encerramento.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lula, não vacile, não nos decepcione! Mantenha o italiano Cesare Battisti no Brasil

Passei boa parte da manhã, toda a tarde e parte da noite da última quarta, dia 18, acompanhando via TV Justiça o histórico julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, do pedido de autorização à extradição do italiano Cesare Battisti, encaminhado pela República Italiana. Por esta razão, nesta quinta, dia 19 de novembro, simbolicamente o Dia da nossa Bandeira Nacional, estamos editando este post.
Como você provavelmente sabe, Battisti era ativista de um movimento armado de esquerda durante a guerra suja entre o Estado italiano (pretensamente "democrático") hegemonizado pela Democracia Cristã e vitaminado pelo Plano Marshall, um programa de subsídios criado pelos EUA para impedir que o Partido Comunista Italiano chegasse ao poder. Foi condenado em 1983 (à revelia, porque havia deixado a Itália) por quatro homicídios cometidos entre 1977 e 1979, com clara motivação política - embora Battisti até hoje negue os crimes - e no auge da violenta disputa pelo poder naquele país. Em 2007, anos após ter se estabelecido no Brasil, foi preso pela Polícia Federal, atendendo a uma ordem de captura da Interpol. Desde então trancafiado no presídio federal da Papuda, em Brasília, em janeiro de 2009 conseguiu o status de refugiado político, concedido pelo governo brasileiro. Mas, como manda a nossa Constituição, o pedido de autorização para a extradição foi remetido ao STF, que nesse histórico dia 18 de novembro concluiu sua apreciação.

Bem, o senhor presidente do Supremo Tribunal Federal fez o que até as aves do cerrado sabiam que ele faria. Em um inacreditável voto, comparando homicídios a crimes como estupro e pedofilia, já que, segundo o senhor ministro Gilmar Mendes, "a prevalecer o argumento da defesa de Battisti, praticamente qualquer crime poderia ser alegado como político, desde que cometido com motivação política (!)", desempatou a votação e autorizou o presidente Lula a extraditar Cesare Battisti à Itália. Tudo mudou após um voto antológico do ministro Eros Grau, em que lembrou o caráter discricionário (que não torna as decisões do STF vinculativas e impostitivas ao poder executivo) das decisões da Justiça em matéria de relações exteriores, reiterando que, no campo das relações exteriores, o modelo constitucional brasileiro é inspirado no modelo belga.
Diante da assertiva do ministro Carlos Ayres Brito, que embora deferindo o pedido de autorização encaminhado pela República Italiana, reconheceu a inviolável autoridade do presidente da República em dar a última palavra em matéria de relações internacionais, no que foi seguido pelos ministros Joaquim Barbosa, Carmen Lúcia e Marco Aurélio Mello, o italiano Cesar Peluzo, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Ellen Gracie (esta, ao lado de Peluzo e Mendes tentou solapar a decisão majoritária do plenário, constranger a ministra Camen Lúcia e forçar uma interpretação falsa do encaminhamento da corte constitucional) mal podiam disfarçar sua frustração.

A mídia do capital, mercantilista, de direita tenta, desde o encerramento da sessão vender a ideia de que Lula, mesmo tendo a palavra final, foi derrotado na votação e que, caso não extradite Battisti, romperá o tratado de extradição firmado entre Brasil e Itália. O portal Terra faz nesta quinta, 19, um interessante apanhado das reações do chamado PIG (Partido da Imprensa Golpista, expressão surgida no Orkut em 2006 e inteligentemente propagada pela maioria da blogosfera). A seguir, postamos alguns links que ajudam a entender melhor os impactos dessa decisão do STF e conferir a perplexidade da maioria da imprensa diante do fato de que, não, o Poder Judiciário não empurrou uma faca contra o peito do presidente Lula.
Em resumo, nossa Suprema Corte de Justiça confirmou o que já diz a Constituição: o presidente da República é guardião das relações internacionais do Estado Brasileiro e tem o poder de conceder refúgios ou asilos políticos. Ministros Cesar Peluzo, Gilmar Mendes, Ellen Gracie, vossas excelências perderam. Portanto, senhor presidente Luiz Inácio Lula da Silva, portanto, companheiro presidente Lula, não nos falte, não nos decepcione! Mantenha Cesare Battisti no Brasil. (Rodrigo Brandão, da Equipe do Blog EDUCOM)

Seria chato poluir o blog com links de sites como o da Folha de S. Paulo e da Veja. Então confira resumo publicado pelo Terra, com algumas reações desse setor da mídia.

As impressões da blogosfera progressista sobre a sessão histórica do Supremo Tribunal Federal:
Luis Nassif: Mello interrompeu escalada golpista (Maria Inês Nassif destaca outro voto histórico, o do ministro Marco Aurélio Mello, que enquadrou o senhor presidente do STF)
Luis Nassif (2): Gilmar tentou "interpretar" votos de Ministros
Conversa Afiada: Paulo Henrique Amorim conta o dia em que o Jornal Nacional mentiu sobre o resultado da votação do STF
Agência Estado (O Estado de S. Paulo) tenta criar uma crise entre os Poderes e a Veja endossa

Nem a Reinaldo Azevedo, ex-editor da falida revista Primeira Leitura, criada por Mendonça de Barros com dinheiro do PSDB, restaram argumentos desta vez. Veja

Não deixe de conferir logo abaixo este artigo do jornalista Laerte Braga, comentando a primeira parte da votação do STF:

QUAL A CARA DO STF? A DE DANTAS? DE BERLUSCONI? AS INSTITUIÇÕES FALIDAS

por Laerte Braga, jornalista e analista político

A sensação que ficou ao término do voto do ministro Marco Aurélio Melo no caso Cesare Battisti é a que os outros ministros, os que votaram favoravelmente à imposição do governo italiano, estavam escondidos embaixo de suas mesas, ou bancadas, já que triturados em seus argumentos.

Mas não. Logo o ministro italiano Cezar Peluzo se pôs a justificar o injustificável, a submissão e acima de tudo, a falta de dignidade para o exercício do cargo. A tal de reputação ilibada.

A propósito das declarações de um deputado ou senador italiano que o Brasil não é “propriamente famoso por seus juristas, mas por suas dançarinas”, trazidas à lide pelo ministro Marco Aurélio Melo, não há dúvidas que se aplica a pelo menos cinco ministros do que chamam suprema corte.

Mentiu em seu noticiário a Tevê Justiça a partir do momento que expôs a contenda como sendo “governo italiano versus Cesare Battisti”. É governo italiano contra governo brasileiro, contra Brasil. E a mentira foi deliberada. Quem manda ali é Gilmar Mendes e o embaixador da Itália tem acesso ao seu gabinete pela porta dos fundos, com os fundos que se fizerem necessário para uma vergonhosa e lastimável decisão que aparece no horizonte da mais despudorada e desavergonhada submissão.

O ato que estava e está em julgamento é da lavra do ministro da Justiça e não de Cesare Battisti. Foi Tarso Genro quem concedeu obedecendo a lei e a constituição a condição de refugiado político a Cesare.

O voto do ministro Marco Aurélio, independente de todos os votos equivocados que possa ter proferido ao longo de sua carreira (habeas corpus de Cacciola, absolvição do latifundiário que pagou por sexo com menina de doze anos), mais que o redime, mostra o mínimo (foi brilhante e fulminante o voto) de respeito por si e pelo seu País.

Os que votaram pela extradição sequer sabem o que significa respeito. Não conhecem a palavra, a expressão, ou o seu sentido.

Quando o italiano Cezar Peluzo disse – após o voto de Marco Aurélio – que não se justificava o argumento de crime político levantado pela defesa de Battisti e por Marco Aurélio Melo, pois a Itália, à época, era um estado de direito, mostrou que precisa voltar ao antigo ginasial e estudar História.

Jogou na lata do lixo todo um processo político vivido em todos os países da Europa e a Itália não foi exceção.

E daí? O Brasil em tese é um estado de direito. Onde, se o presidente daquilo que chamam suprema corte é corrupto e venal como Gilmar Mendes?

Pensar que já ocuparam aquelas cadeiras figuras do porte de Ribeiro da Costa, Hermes Lima, Evandro Lins e Silva, Vitor Nunes Leal, Adauto Lúcio Cardoso, Bilac Pinto, putz! O Brasil merece respeito e não merece esse tipo de gente.

A presença descarada, ofensiva, ostensiva, intervindo e reagindo e interagindo com as palavras do ministro Marco Aurélio Melo do embaixador da Itália, nem isso, serviu para resgatar o mínimo de dignidade nos cinco que votaram pela extradição.

A reação e o interagir era de desagrado. O embaixador do duce Berlusconi, senhor dos prostíbulos italianos, deitou e rolou numa corte a qual impôs a sua bota a cinco supostos ministros “brasileiros”.

Isso por si só fulmina o argumento de estado de direito do ministro (putz! Que esculhambação!) Peluzo.

Daniel Dantas está solto e o delegado Protógenes Queiroz ameaçado de demissão por ter cumprido a lei.

Em determinados espaços o Brasil continua a ser uma república de bananas, controlada por marginais arvorados em presidente e ministros da tal corte suprema e sob a batuta da mídia podre e também venal, caso explícito das principais redes de tevê, a GLOBO à frente.

Gilmar Mendes não está e nunca esteve preocupado com a lei, com reputação ilibada (não tem), com notório saber jurídico (não tem a menor noção do que seja isso, só conhece o direito que entra pela porta dos fundos), em momento algum Cesare Battisti lhe diz respeito, exceto pelo fato de poder ali exercer seu poder de coronel travestido de ministro a favor do que há de mais repulsivo neste País, o mundo tucano/DEMocrata.

Foi indicado, debaixo de protestos, para o STF com a finalidade de tomar conta e evitar que toda a bandalheira entreguista do governo FHC, do qual fez parte, onde enriqueceu, saísse debaixo do tapete.

Adiou seu voto por uma razão simples. Não sabe como fazê-lo. Não tem a menor noção. Vai pegar com o embaixador da Itália e o advogado contratado para defender o governo de Berlusconi o papel com o voto e ler.

Pura farsa. Toda aquela pretensa solenidade, toda aquela parafernália de vossa excelência para lá, vossa excelência para cá, um absoluto estado de amoralidade exposto em suas vísceras pelo voto decente, corajoso e correto, brilhante do ministro Marco Aurélio Melo.

Mas como bandidos não se importam de serem chamados de prostitutas, o problema não é deles não.

É nosso. Suportar essa corja?

Pelo amor de Deus, a zona é coisa séria, muito séria, gente padrão Peluzo não entra lá nem amarrado.

Gilmar Mendes não passa nem perto.

Há um desafio posto a Lula. Não pode aceitar a decisão do STF em flagrante desrespeito à constituição, a decisões anteriores em casos semelhantes e precisa mostrar aos brasileiros toda essa sujeira montada em torno de um caso simples, o de concessão de refúgio a um cidadão perseguido em seu país, a Itália, por um governo fascista por motivos políticos.

Se ceder é pegar o boné e ir embora. Perde o respeito por si e deixa de ser presidente do Brasil para cair de quatro, como os ministros que votaram pela extradição, diante de um pedido que ofende à soberania nacional e trata o Brasil como se fôssemos um bando de bárbaros e irresponsáveis, sem o menor vestígio de dignidade.

Não é hora de negociar coisa alguma. Em determinados momentos ou se pega o touro a unha, ou sai com o chifre encimando a honra nacional.

O que está prestes a acontecer é a pior forma de apagão. O da dignidade de um povo ultrajado pelo que chamam de suprema corte. Cinco ministros e seu presidente.

E, para finalizar este post...

Carta de Anita Leocádia Prestes a Lula, subscrevendo outra, endereçada pela Anistia Internacional ao ministro Gilmar Mendes
Todo o histórico e todos os detalhes do caso Battisti

EDUCOM e Educação Ambiental...

Você já percebeu que, além de Educom, meio ambiente e Educação Ambiental são os temas dominantes neste blog. Mas talvez você se pergunte: qual a relação entre Educom (ou Educomunicação) e Educação Ambiental? Leia este trecho da proposta para o Sub-Programa de Educomunicação Socioambiental do Ministério do Meio Ambiente.

"Ministério do Meio Ambiente
Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental
Departamento de Educação Ambiental
Programa Nacional de Educação Ambiental


Sub-Programa Educomunicação Socioambiental


2008

(...)

2 - Por que um Sub-Programa de Educomunicação?

(...)

Em resumo, qual o papel da Educomunicação no campo da Educação Ambiental?

• Mobilizar e manter mobilizadas comunidades aprendentes (incluindo grupos, associações, escolas, círculos de aprendizagem, coletivos educadores, redes e demais estruturas educadoras ) com ação educativa permanente de caráter socioambientalista e transformador;
• Promover a formação de educomunicadores para atuação em coletivos e estruturas e espaços educadores, com base no favorecimento do diálogo e da participação em toda o processo da educação ambiental;
• Possibilitar à totalidade da população o acesso à informação socioambiental, qualificada pelos educomunicadores;
• Promover, em comunidades aprendentes, a produção interativa / participativa de conteúdos para a mídia massiva

(...)"

Baixe a íntegra do Sub-Programa Educomunicação Socioambiental do MMA

Saudações educomunicativistas,

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Colabore com a Iniciativa Carta da Terra

A Iniciativa Carta da Terra está participando de um concurso de vídeos promovido pela rede de notícias CNN. Você pode ajudar a Iniciativa Carta da Terra votando e pedindo votos a seus amigos. Confira abaixo o texto da campanha, enviado pela brasileira Mirian Vilela, diretora executiva da Carta da Terra Internacional a apoiadores dos princípios dessa Iniciativa em todo o mundo. Vote e divulgue a campanha. Faltam 20 dias para a COP15 - 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

"Estimados Amigos e Amigas da Carta da Terra,

Com a ajuda do Grupo de Trabalho em Comunicação da Carta da Terra, sediado na Holanda, foi desenvolvido um novo vídeo sobre Mudanças Climáticas e a Carta da Terra, que pode ser visto em nosso canal no You Tube e participa de um concurso da CNN. Nesta votação, necessitamos toda a ajuda possível.

Neste link de nossa página, informamos tudo sobre o concurso e nossa participação:

earthcharterinaction.org/contenido/articles/49/1/Nuevo-video-de-Cambio-Climatico-y-Carta-de-la-Tierra-/Page1.html

Convidamos os amigos e afiliados da Carta da Terra a se unirem a nós e tomar consciência da importância de incorporar os valores dessa Iniciativa e a ética como base de todos os acordos sobre mudanças climáticas.

Siga por favor estas instruções:

1. Acesse www.youtube.com/user/Cop15

2. Logo acima da tela, clique em "votar"

3. Em seguida, aparecerão, ao lado da tela, duas caixas de busca. Na segunda, de nome 'buscar um vídeo específico' ou 'search for a specific video', digite ecinternational

4. clique para exibir o vídeo Club of Rome Assembly and The Earth Charter e, assim que esse filmete começar a descarregar, clique sobre a caixa em fundo verde

Importante: as regras do concurso não são claras quanto a votos repetidos do mesmo usuário, apenas quanto a votos fraudulentos e automáticos.

Pedimos que os amigos divulguem esta mensagem e peçam votos para nosso vídeo.

Saudações,
Mirian Vilela - Diretora Executiva Carta da Terra Internacional"
www.cartadelatierra.org
A Carta da Terra em português
Minc, Ideli e a COP 15
A Terra está doente

Rádio e internet são as mídias de maior credibilidade, revela pesquisa

Do portal Comunique-se
Um estudo realizado pelo Instituto Vox Populi, encomendado pela Máquina da Notícia, aponta que o rádio e a internet são as mídias que despertam mais credibilidade entre os brasileiros. Em uma escala de 1 a 10, o rádio conquistou a maior nota (8,21), quase empatando com a internet (8,20), seguidos pela TV (8,12), jornal (7,99), revista (7,79) e redes sociais (7,74).

A pesquisa mostrou que as mídias apontadas pela credibilidade não são necessariamente as mais acessadas, já que a TV é vista pela maioria dos respondentes (99,3%), seguida por rádio (83,5%), jornal impresso (69,4%), internet - sites de notícias e blogs de jornalistas - (52,8%), revista impressa (51,1%), redes sociais - Twitter, Orkut, Facebook, etc - (42,7%), a versão online dos jornais impressos (37,4%) e a versão online das revistas impressas (22,8%).

O economista e coordenador da pesquisa, Luis Contreras, consultor do Grupo Máquina, destaca o avanço das redes sociais, que se aproximam do índice de credibilidade das demais fontes de informação. “Entre os usuários dessa nova mídia, 40% consideram-na como de credibilidade muito alta. Isso nos mostra claramente que não podemos ignorar o poder das redes sociais na formação de opinião”, enfatiza.

Entre os principais meios de informação, a TV continua na liderança (55,9%), seguida pela internet - sites de notícias/blogs jornalísticos - (20,4%), jornal impresso (10,5), rádio (7,8%), internet - redes sociais - 2,7%, jornal online (1,8%), revista impressa (0,8%) e revista online (0,1%).

O estudo entrevistou 2.500 pessoas maiores de 16 anos, entre 25/08 e 09/09, no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Livro que debate mídia e América Latina será lançado nesta terça, 17, no Rio

De autoria do jornalista Mário Augusto Jakobskind, o livro A América que não está na mídia (Altadena, R$ 25) será lançado nesta terça, dia 17 de novembro, às 19 horas, no mais carioca dos bares do Rio de Janeiro, o Bip-Bip, em Copacabana.

Com prefácio do jornalista Flavio Tavares e apresentação do coordenador do MST, João Pedro Stédile, além de comentário de Eduardo Galeano, A América que não está na mídia aborda questões relativas a vários países da América Latina e discute a cobertura jornalística e um continente que está em processo de transformação. A orelha é do jornalista Fausto Wolff (in memorian) e a capa do cartunista Carlos Latuff. Jakobskind acaba de lançar ainda, em Montevidéu, A pesar del bloqueo, 50 años de Revolución (sobre a Revolução Cubana), da editora Tropicana.

Carioca e apaixonado pela música popular brasileira, Jakobskind tem intensa atividade como jornalista e militante. É secretário geral do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (SJPERJ), conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), integrante do Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato, correspondente do jornal uruguaio Brecha e nos últimos 25 anos tem se dedicado ao estudo da AL - Jakobskind publicou, entre outras obras sobre a região, América Latina, Histórias de Dominação e Libertação.
A América que não está na mídia. Lançamento. Terça, 17 de novembro, 19h. Bip-Bip (Rua Almirante Gonçalves, 50 - Copacabana, Rio de Janeiro). Chorinho com o grupo "Caçula e seus amigos"


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A palavra está com você, leitor

                                                                                                                                                            

 
Ah... que saudades da Graúna do Henfil!

Será que a Marina Silva, nossa senadora, vai ser uma Graúna no PV?

Há quem diga que não.

Será que ela vai ser um gás novo no PV para legitimar e modernizar os discursos dos neoliberais e dos neoverdes do partido?

Comente.

Antes (ou depois), conheça Henfil e Marina

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Por uma CPI do latifúndio midiático





Rosane Bertotti*
Em seu "O Livro dos Abraços", Eduardo Galeano nos conta de uma tribo
indígena que decepava a cabeça de seus adversários e as deixava
minguar até caber na palma da mão. Para impedir qualquer surpresa
desagradável, ainda costuravam sua boca.

Guardadas as proporções de sentido, é exatamente esta a direção do
empenho dos barões da mídia quando inundam a programação das "suas"
emissoras de rádio e televisão com desinformação e alienação. Entre
outros lixos tóxicos, despejam cotidianamente em milhões de lares
doses de apatia e criminalização dos movimentos sociais, a quem tentam
macular com os antivalores do oportunismo, da covardia e da violência.
Com a surrada fórmula da repetição, já que instrumentalizam os meios
de comunicação para contaminar e degradar o ambiente das relações
pessoais, buscam apequenar cérebros, silenciar falas, deturpar
conceitos...

Felizmente, há lições que ficaram, aprendidas pelos anos de engano e
manipulação, de edição de debates televisivos, de programas
editorializados que interpretavam a realidade ao bel prazer do
anunciante. Bem menos dócil e muito menos conformada, a população vem
fazendo a sua própria leitura, ampliando a independência, cortando os
fios que a buscavam conduzir mais para ser menos.

Compreendendo comunicação como direito humano, e comprometida
com a sua democratização, a CUT propôs, com o respaldo das demais
centrais sindicais, um projeto que dá vida à determinação
constitucional do direito de antena, garantindo a abertura de um
espaço que é público - mas erroneamente aproveitado de forma privada -
a estas entidades. Uma vez aprovado o projeto, encaminhado pelo
deputado Vicentinho, teremos o espaço sindical gratuito no rádio e na
televisão, nos mesmos moldes do horário eleitoral, conforme a
representatividade de cada central.

Assim que manifestamos a decisão, a reação fez-se ouvir por editoriais
e matérias consagradas a denunciar o desplante da "República
Sindical", havendo filas de colunistas, prenhes de mentiras e
calúnias, repetindo o jargão de seus patrões.

O que está por trás da CPI do MST senão a produção de desmemória
coletiva? Ou a repetição de uma tomada aérea de pés de laranja
arrancados é mais notícia do que a invasão de terras públicas pela
Cutrale? E o que dizer dos milhões de litros de pesticidas lançados
sobre o campo pelo agronegócio, concentrador de renda, que polui,
desemprega e mata? Por que a campanha pela redução da jornada para 40
horas semanais não aparece no noticiário, nem os milhares de mutilados
e lesionados pela intensidade do ritmo de trabalho, pela precarização?
Por que não há reportagens sobre os que enriqueceram com as
privatizações/ desnacionalizaçõ es durante o desgoverno FHC? Por que a
cratera do metrô, que matou em São Paulo, não ganha destaque, assim
como os pedágios mais caros do Brasil, que ficam no mesmo Estado, e os
piores salários de policiais e professores? Para que serve a
propaganda da Sabesp no Nordeste? Afinal, quantas vezes você leu, viu
ou ouviu que o relatório da Polícia Federal sustenta que "uma das
atividades em que atua a organização criminosa, liderada por Daniel
Dantas, é na compra e venda de fazendas, gado e outros negócios
agropecuários" ? Por que os que se dizem defensores da liberdade de
imprensa e do debate se retiraram da Conferência Nacional de
Comunicação e não querem debater a comunicação como política pública
com participação social?

Será por que é necessária uma CPI do latifúndio midiático?
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*Rosane Bertotti é secretária nacional de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e membro da Comissão Organizadora da Conferência de Comunicação, a Confecom


Grupo de Sarney invade Sindicato em lançamento de livro



publicado no Blog do Rovai em 5 de novembro de 2009
Ontem à noite o jornalista Palmério Dória lançou em São Luis, Maranhão, o livro Honoráveis Bandidos, onde trata da história da oligarquia Sarney. O evento acontecia na sede do Sindicato dos Bancários, no centro da cidade, quando um grupo ligado à família do senador invadiu o auditório e atacou os presentes segundo depoimento do deputado federal Domingos Dutra (PT-MA) que estava no local. Segue a entrevista de Dutra, que chama Sarney de quadrilheiro.

RENATO ROVAI - O que aconteceu ontem, deputado?
DOMINGOS DUTRA - Estávamos reunidos para o lançamento do livro do Palmério Dória quando de 15 a 20 pessoas invadiram o recinto e começaram a lançar ovos, pedras, cadeiras. Virou um tumulto muito grande. Esse livro está exposto em livrarias de todas as capitais do país, mas no Maranhão você não encontra em nenhuma. Além disso, para divulgar o evento a gente contratou uma empresa que coloca outdoors nas ruas da cidade. Mas a 48 horas do evento eles devolveram o dinheiro dizendo que tinham sido ameaçados e que não tinham como fazer o trabalho.

RR - Vocês identificaram os agressores?
DUTRA - É uma garotada secundarista. No Maranhão, os Sarney tem tradição de fazer isso. Eles pegam uns grupos de jovens para fazer esses tumultos. Uma delas deixou a bolsa cair, chama-se Ana Paula, e nós já entregamos os documentos dela na polícia.

RR - Alguém ficou ferido, deputado?
DUTRA - Da nossa parte, quatro pessoas.

RR - Quantas pessoas haviam no lançamento?
DUTRA - Umas 300 pessoas ou mais. O auditório estava lotado. Sai de lá às 23h30 e ainda tinha muita gente na fila para o autógrafo. Agora o que precisa ser dito é que o que o Sarney está fazendo no Maranhão é terrorismo. Recentemente foi cassado um juiz de direito. Há 15 dias cassaram o prefeito de Barreirinhas, do PT, capital dos Lençóis, onde a Petrobras está prospectando petróleo e gás. No lugar foi colocado o sobrinho do Sarney. Além disso, o Sarney conseguiu censurar até o Estadão e está tentando fechar o Jornal Pequeno, mas não imaginávamos que eles teriam coragem de fazer algo como isso, até porque a sede do Sindicato dos Bancários fica no centro da cidade.

RR - Mas o PT é aliado do Sarney no plano nacional?
DUTRA - Lamento o equívoco do presidente Lula e de parte do PT que dá sustentação a esse quadrilheiro. O presidente Lula deve sofrer chantagem todos os dias do Renan e do Sarney. Este pessoal vota a favor do governo, mas mediante pagamentos. Eles tem a Funasa, o Correio, três ministérios e cargos nos estados. No Maranhão, nós do PT só temos a delegacia de agricultura familiar e os escritórios da pesca e da terra legal. No resto, ele manda em tudo. Respeito as opções do presidente Lula, mas eu nem morto estarei com o Sarney. O governo Lula é bom no social, no econômico, mas no político é um retrocesso. Eles juram amor eterno ao Lula aqui em Brasília e nos estados querem matar o PT.
Saiba mais sobre o livro que provocou a ira da família Sarney

Salvemo-nos com o Planeta!

* Por Pedro Casaldáliga

Vinte anos atrás tratavam de ecologia umas poucas pessoas, tachadas inclusive de bucólicas ou de derrotistas. Não era um tema sério nem para a política nem para a educação nem para a religião. Podia-se venerar a Francisco de Assis como santo das flores e dos pássaros, mas sem maior compromisso. Agora, e quem sabe se tarde demais, o mundo inteiro está-se sensibilizando, atordoado pelas notícias e pelas imagens de cataclismos atuais e de previsões pessimistas que enchem os nossos telejornais. E já são muitos os congressos e os programas que ventilam como um tema vital a ecologia, desnudando as causas e urgindo propostas concretas acerca do meio ambiente. Até as crianças sabem agora de ecologia.

O tema é novo, então, e desesperadamente urgente. Acabamos por descobrir a Terra, nosso Planeta, como a casa comum, a única que temos, e estamos descobrindo que somos uma unidade indissolúvel de relações e de futuro.

Frente aos gastos astronômicos nos espaços siderais, frente ao assassino negócio do armamentismo, frente ao consumismo e luxo de uma privilegiada parcela da Humanidade, agora vamos sabendo que o desafio é cuidar deste Planeta. A última grande crise, filha do capitalismo neoliberal, embrutecido na usura e o esbanjamento, que vem ignorando cinicamente tanto o sofrimento dos pobres como as limitações reais da Terra, está-nos ajudando a abrir os olhos e esperamos que também o coração. Leonardo Boff define o grito da Terra como o grito dos pobres e James Lovelock nos avisa acerca da “vingança da Terra” - a teoria de Gaia e o futuro da Humanidade -. "Durante milhares de anos, diz Lovelock, a Humanidade vem abusando da Terra sem ter em conta as consequências. Agora, que o aquecimento global e o cambio climático são evidentes para qualquer observador imparcial, a Terra começa a se vingar". Estamos tratando a Terra como um assunto apenas econômico e exigimos da Terra muitos deveres, mas ignoramos os direitos da Terra.

Certos especialistas e certas instituições internacionais nos vêm mentindo. A mão invisível do Mercado não resolvia o desastre mundial. Quanto mais livre era o comercio mais real era a fome. Segundo a FAO, em 2007 havia 860 milhões de famintos; em Janeiro de 2009 109 milhões mais. A metade da população africana subsaariana, por citar um exemplo dessa África crucificada, mal vive na extrema pobreza. A ladainha de violência e desgraças provocadas é interminável. No Congo há 30.000 meninos soldados dispostos a matar e a morrer a troco de comida; 17% da floresta amazônica foram destruídos em cinco anos, entre 2000 e 2005; o gasto da América Latina e do Caribe em defesa cresceu um 91%, entre 2003 e 2008; uma dezena de empresas multinacionais controla o mercado de sementes em todo o mundo. Os Objetivos do Milênio se evaporaram na retórica e em suas reuniões elitistas os países mais ricos dizem covardemente que não podem fazer mais para reverter o quadro.

É tradição de a nossa Agenda Latino-americana Mundial enfrentar a cada ano um tema maior, de atualidade quente. Não podíamos, logicamente, deixar de lado este tema vulcânico. O tema é amplo e complexo. Somos nós ou é o Planeta quem está em crise mortal? Baralhamos três títulos para a Agenda Latino-americana Mundial de 2010 que apontam para possíveis focos: "Salvar o Planeta", "Salvaremos o Planeta?", "Salvemo-nos com o Planeta". Optamos pelo último título, porque técnicos e profetas nos vêm recordando que nós somos o Planeta também; somos Gaia, estamos despertando para uma visão mais holística, mais integral; estamos descobrindo, finalmente, que o Planeta Terra é também o Planeta Água. Um recente livro infantil intitula-se precisamente “Ajudo ao meu Planeta”. A salvação do Planeta é a nossa salvação, e não faltam especialistas que afirmem que o Planeta vai se salvar seguindo o curso do Universo e, entretanto, a vida humana e todas as vidas do Planeta serão um sombrio passado.

A Agenda Latino-americana Mundial de 2010 não quer ser pessimista, não pode sê-lo. Quer ser realista, se comprometer com a realidade e abraçar vitalmente as causas que promovem uma ecologia esperançada e esperançadora. Essa ecologia profunda, integral, deve incluir todos os aspetos da nossa vida pessoal, familiar, social, política, cultural, religiosa... E todas as instituições políticas e sociais, em nível local, nacional e internacional, têm de fazer programa seu fundamental "a salvação do Planeta".

É imprescindível uma globalização de signo positivo, trabalhando pela mundialização da ecologia. Rechaçando e superando a atual democracia de baixa intensidade urge implantar uma democracia de intensidade máxima e, mais explicitamente, uma "biocracia cósmica". Urge criar, estimular, potenciar, em todas as religiões e em todos os humanismos uma espiritualidade "profunda e total" de signo positivo, de atitude profética na libertação de todo tipo de escravidão; vivendo e militando por uma nova valoração de toda vida, da matéria, do corpo, do eros. O ecofeminismo sai ao encontro de um desafio fundamental, Gaia é feminina. Impõe-se uma nova relação com a natureza, naturalizando-nos como natureza que somos e humanizando a natureza na qual vivemos e da qual dependemos. Eu sou eu e a natureza que me circunda, diria o filósofo.

O melhor que tem a Terra é a Humanidade, apesar de todas as loucuras que temos cometido e seguimos cometendo, verdadeiros genocídios e verdadeiros suicídios coletivos. Propiciando essa mudança radical que se postula e proclamando que é possível outra ecologia em outra sociedade humana, fazemos nossos estes dois pontos do Manifesto da Ecologia Profunda: "A mudança ideológica consiste principalmente em valorizar a qualidade da vida - de viver em situações de valor intrínsecas - mais do que tratar incessantemente de conseguir um nível de vida mais elevado. Terá que se produzir uma tomada de consciência profunda da diferença que há entre crescimento material e o crescimento pessoal independente da acumulação de bens tangíveis". E acrescenta o Manifesto: "Quem subscreve os pontos que se enunciam no Manifesto tem a obrigação direta ou indireta de agir para que se produzam estas mudanças, necessárias para a sobrevivência de todas as espécies do Planeta", incluindo «a santa e pecadora» espécie humana.

Militantes e intelectuais comprometidos com as grandes causas estão preparando uma Declaração Universal do Bem Comum Planetário que se expressa através de quatro pactos: 1) o Pacto Ecológico Natural, responsável de proteger a Terra; 2) o Pacto Ecológico Social, responsável de unir todas as esperanças e vontades; 3) o Pacto Ecológico Cultural, que deve estar baseado na promoção do pluralismo, da tolerância e do encontro da Humanidade com os ecossistemas, os biomas, a vida do Planeta; e 4) o Pacto Ecológico Ético Espiritual, fundado na dimensão do cuidado, a compaixão, a corresponsabilidade de todos com tudo.

Devemos escutar o que nos dizem simultaneamente as novas ciências e as novas teologias. Queremos viver este kairos ecológico de militância e de mística com o Deus de todos os nomes e de todas as utopias. Com Jesus de Nazaré muitos libertários, profetas e mártires em Nossa América nos precedem e nos acompanham nesta marcha pelo deserto para "a Terra sem Males".

É uma utopia absurda? Só utopicamente nos salvaremos. A arrogância dos poderes, o lucro desenfreado, a prepotência, as claudicações, vêm a nos desanimar; mas nós nos negamos ao desânimo, à corrupção, à resignação. A Pachamama e Gaia estão vivas, são vivificadoras. Nenhuma estrutura de morte terá mais poder do que a Vida.

* Pedro Casaldáliga é bispo emérito de São Félix do Araguaia, MT, e apresenta a Agenda Latino-Americana Mundial 2010.


Fonte: MST / Instituto Humanitas Unisinos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Caetano e os analfabetos

Por Miguel do Rosário

A história ensina a não confiar nos artistas. A quantidade de artistas que aderiram às teses de Mussolini, alguns mesmos tornando-se verdadeiros heróis do Il Duce, como o poeta D'Annunzio, já mostra que um artista entende tanto de política quanto de matemática. Por acaso, há artistas que entendem de política, como há artistas que talvez entendam de matemática; mas trata-se, por assim dizer, de coincidências.

Nosso alegre boêmio, Augusto Frederico Schmidt, por exemplo, apoiou o golpe de Estado de 1964, ou pelo menos foi isso que os jornais deram a entender, quando publicaram manchete com uma frase sua favorável ao regime. Céline teve que esperar alguns anos antes de poder retornar a França, pois havia sido condenado à morte por causa de sua posição dúbia - em alguns momentos até favorável - quanto ao nazismo; e o incomparável Knut Hansum, que escrevera o romance mais doloroso do século XX, A Fome (que traz a descrição mais humana, mais viva e mais autêntica da fome, segundo Josué de Castro), filiou-se entusiasticamente ao partido nazista, recebendo, inclusive, condecorações!

Portanto, não estranhem quando um grande artista como Caetano Veloso dá voz a preconceitos tão mesquinhos, como fez na entrevista ao Estadão, na qual declarou que "votava em Marina porque ela não era analfabeta como Lula".

Dias depois, o "cafona", o "grosseiro", era, pela enésima vez, recebido pela rainha da Inglaterra, que tinha um sorriso sincero e admirativo no rosto. O Primeiro Mundo nem sempre foi o mar de rosas pacífico, limpo e desenvolvido que gostamos de imaginar. Inglaterra, França e EUA já viveram fome, guerra, miséria, revoluções, e aprenderam que somente superaram suas dificuldades em virtude da sabedoria, criatividade e força dos homens simples, dos homens do povo.

Afinal, o que é ser "analfabeto" para Caetano? Sua crítica, aliás, está na boca de muita gente. Há uma consciência de classe muito específica aqui. Sim, porque, a questão não é saber ler ou não, pois Lula sabe ler muito bem. A questão é possuir uma determinada cultura, mas qual é, exatamente, essa cultura? São os clássicos? Lula deveria ter lido a Ilíada, de Homero? Aí entramos numa situação curiosa. É que Homero era, ele sim, um analfabeto, e no caso dele, porque, segundo a maioria dos pesquisadores, o alfabeto grego ainda não fora inventado. Andei lendo bastante sobre isso, e descobri que uma das teorias mais respeitadas entre os estudiosos é que a pessoa que inventou o alfabeto grego (que é uma cópia do fenício, adaptada ao vocabulário grego) o fez justamente para anotar os versos de Homero. A seguinte cena deve ser imaginada: Homero recitando os versos para que esse astuto e pioneiro escrivão anote-os, e daí nasce a literatura ocidental!

Não precisamos ir tão longe. Antropólogos e historiadores vem estudando com muito afinco, desde os anos 60, o poder das culturas populares, baseadas sobretudo na tradição oral. Pode-se transmitir conhecimentos oralmente? É claro que sim, pois de outra maneira qual o sentido de pagarmos 120 mil dólares para ouvir um professor "falar" sobre Platão, numa sala em Harvard? Não poderíamos, simplesmente, ler Platão no conforto de nossa casa - e sem gastar os 120 mil dólares?

A íntegra do texto pode ser lida no site Oleo do Diabo

Atualização: Caetano tenta minimizar o que disse, mas quanto mais peleja para se explicar... leia

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Especial Educomunicação Ambiental - Entrevista: Heitor Queiroz de Medeiros

Por Sucena Shkrada Resk

Em entrevista, HEITOR QUEIROZ DE MEDEIROS fala sobre os caminhos da EDUCOMUNICAÇÃO AMBIENTAL no Brasil. O historiador e Doutor em Ecologia e Recursos Naturais é um dos fundadores da Revista Brasileira de Educação Ambiental. Também atua como professor-visitante na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), na área de Mestrado em Ciências Ambientais, Departamento de Ciências Biológicas e Departamento de Agronomia.

Confira os principais trechos:

BLOG CIDADÃOS DO MUNDO - Qual é o papel da Educomunicação e a sua importância no processo de empoderamento da sociedade?
HEITOR MEDEIROS - ... a educomunicação é importante pela capacidade de poder potencializar as informações em educação ambiental, principalmente com relação ao eixo não-escolarizado. É evidente, que dentro das escolas, também esse tipo de comunicação tem valor, mas é um locus específico de trabalho de professores e alunos.

Um dos grandes desafios da educação ambiental é no campo difuso e não-formal. É a capacidade de aprender a utilizar com eficiência veículos de comunicação, das mais diversas formas, sabendo que hoje no Brasil, existe um esforço muito grande na área de EA em trabalhar com o conceito Educomunicação.

Uma coisa é trabalhar a educação dentro dos veículos de comunicação de massa e utilizar a capacidade de capilaridade que eles têm. Outra coisa é você ter a capacidade de fazer com que as pessoas possam produzir os seus próprios materiais educacionais e que isso se transforme em um projeto pedagógico, desde os sinais de fumaça ou rufar de tambores aos potenciais da Internet.

O objetivo é que as pessoas conquistem autonomia, para não ficarem dependentes dos veículos de massa, que são importantes, mas também têm suas dificuldades com as linhas editoriais. Muitas vezes, estão compromissadas com o Capital e com os capitalistas, mais do que com a transformação necessária para um novo modelo de sociedade. Mas isso não significa que a gente não possa usar esse instrumento, por causa disso.

CIDADÃOS – Quem são os principais atores no processo de Educomunicação e como acontece a capacitação?

HM - A Educomunicação, na verdade, é a capacidade que você tem de utilizar as informações. Isso quer dizer utilizar a comunicação no processo do fazer pedagógico, de trabalhar na formação das pessoas, para que tenham autonomia. Daí você passa pela discussão da democratização, inclusive, dos veículos de comunicação, o que é fundamental.

Eu considero que cresce hoje no Brasil uma demanda de jovens e educadores ambientais pela melhoria da condição de trabalhar, a partir dessa proposta. É um desafio muito grande entender o que é, e como a gente faz isso.

Quanto ao aspecto de capacitação, quando se fala de política pública, não está só se tratando do Governo, mas do controle social por parte da sociedade civil. Existe uma proposta metodológica de trabalhar isso, e que o órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental vem trabalhando há algum tempo. Eu acredito que isso está razoavelmente consolidado no espaço das educadoras e educadores ambientais, o que possibilita a autonomia da sociedade.

CIDADÃOS – Empoderar os cidadãos significa substituir o papel do poder público na EA?

HM - Empoderar os cidadãos não significa que o poder público não deva liderar o processo de EA. O que quero dizer é que quando o governo não tiver condições, interesse, política, vontade e dinheiro, a gente tem de ter capacidade de fazer, enquanto sociedade. Esse é o grande ‘barato’ da Educomunicação. Não pode se atrelar a uma dependência institucional do poder público, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que lançou a proposta conceitual para ser adotada no Brasil no ano passado (o conceito proposto hoje pela educomunicação vem amadurecendo, pelo o menos há três décadas, na América Latina, com educadores como Paulo Freire e se estruturando com mais ênfase, a partir da Rio 92). Não podemos esquecer que a pasta tem o menor orçamento da Esplanada dos Ministérios, o que implica um contexto complexo.

Existe recurso para destruir a natureza, para a agricultura, para fazer (péssima) política na área da saúde, que são áreas que dão visibilidade aos políticos, mas no segmento ambiental, os recursos são muito poucos. Acredito que hoje, no MMA, teremos muita dificuldade para potencializar as políticas anteriores. Em contrapartida, acho que temos um conceito estabelecido e experiências no país, que mostram que isso é possível a sociedade se apropriar disso, e dar continuidade no processo.

CIDADÃOS – Pode citar algum exemplo?

HM - Os Coletivos Jovens (CJs) do Meio Ambiente, articulados pelo órgão gestor e principalmente pelo Ministério da Educação (MEC), hoje têm capilaridade no Brasil inteiro. Eu venho da velha militância do Movimento Ecológico e sempre faço uma autocrítica, dizendo que um dos maiores erros nossos foi não investir intencionalmente em novas lideranças.

Os CJs são essas novas lideranças...trabalhando com uma lógica muito bacana, pois não querem tutela para agir. O repertório e práticas de Educomunicação estão no repertório deles. Isso é um dos exemplos concretos. A proposta desses jovens é “meio anárquica”, pois se já se envelhece e vira burocrata, quando é jovem, não há salvação para o planeta.

CIDADÃOS – Fale sobre a proposta da Revista Brasileira da Educação Ambiental.

HM - Em 2004, eu e a professora Michelle Sato (bióloga, mestre em Filosofia e pós-doutora em Educação), por meio da Rede Matogrossense de Educação Ambiental, chegamos à conclusão, que uma das contribuições que poderíamos dar à REBEA, seria editar uma revista específica de EA, que não tivesse proposta de ser só acadêmica, porque diversas universidades já mantêm esse trabalho. Assim, surgiu a Revista Brasileira de Educação Ambiental, da REBEA, com proposta de publicar experiências de EA no Brasil inteiro, para dar visibilidade a essas publicações, sem excluir trabalhos científicos. Temos cinco exemplares até agora, sendo que o quinto foi lançado no VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental.

A ideia é que a revista não tenha ‘dono’, pois queremos trabalhar com a cultura de rede e horizontalidade. Achamos por bem, que a cada ano do Fórum se mude a coordenação editorial, que agora passará a dois professores-doutores - José Vicente de Freitas e Maria do Carmo Galiazzi- ambos da Universidade do Rio Grande (FURG), que tem mestrado em EA. Com isso, eu e Michelle passamos para o Conselho Editorial. Essa proposta de alterações na coordenação editorial deve prosseguir a cada Fórum, como forma de democratizar o processo de construção da publicação.


* a entrevista de Heitor Queiróz de Medeiros sobre Educomunicação Ambiental foi concedida ao Blog Cidadãos do Mundo (www.cidadaodomundo.blogse.com.br), durante o VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, realizado no Rio de Janeiro, em julho de 2009.

Fonte: Blog Cidadãos do Mundo.