18/02/2013 - Saul Leblon - Carta Maior

A rememoração é necessária.
Ela ocorrerá previsivelmente sob outros pontos de vista.
O colunismo bicudo, as manchetes especializadas nas adversativas, cuidarão de transformar o aniversário em necrológio.
O PT tem razões para acionar contrafogos. Mas seria crucial que não ficasse apenas nisso.

Os avanços em si são tão conhecidos quanto a contrapartida da desqualificação que os acompanha. À direita, disparada por um conservadorismo que os nega.
À esquerda, por visões - muitas delas legítimas - determinadas a instigar o debate progressista, sublinhando a insuficiência do patamar atingido.
O conjunto mais reafirma do que dissipa o essencial.
Os deslocamentos sócio-econômicos e geopolíticos acumulados na década de governo do PT, assim como os erros e hesitações que possam ser computados ao partido, compõem um novo e largo mirante da história brasileira.
O futuro que hoje se coloca na mesa do presente carrega intrínsecas condicionalidades progressistas.

Um dado resume todos os demais: sendo ainda uma das sociedades mais iníquas do planeta (apenas sete nações ostentam pior distribuição de renda) o Brasil é hoje o país menos desigual de toda a sua história.
Não é necessário endossar o trajeto de um resgate social inconcluso para reconhecer o degrau alcançado.
O ressentimento conservador, em permanente flerte com a oportunidade de uma elipse institucional, confirma o adágio de Lênin: 'política é economia concentrada'.
A agenda política da direita regurgita diuturnamente a intolerância de classe a um governo que não pode ser chamado integralmente de seu.
Ainda que seu sejam muitos dos cargos, recursos, políticas e limites espetados na relação de forças que compõe o coração de qualquer governo de coalizão.
O conservadorismo local e forâneo quer Lula e o PT longe de Brasília.
Mas pelo risco de que o 'inconcluso e insuficiente' possa gerar massa crítica de um novo salto, de repercussão histórica semelhante ao original. Agora em escala ampliada.

Banhou-se confortavelmente nos últimos anos no cofre forte rentista onde a sociedade depositou o equivalente a 5% do PIB ao ano, referente aos juros da dívida pública.
O dízimo da governabilidade, diziam os mais condescendentes com a sangria asfixiante, foi reduzido de forma substancial em 2012.
A perspectiva de injeções declinantes nesse tanque do Tio Patinhas, mesmo associada a opções de investimentos (em infraestrutura) até mais rentáveis que a taxa de juro real, inquieta os detentores do dinheiro grosso.
Da ganância rentista com seu imenso aparato vocalizador partem os principais disparos que ameaçam o passo seguinte do ciclo histórico que agora fecha um balanço de 33 anos, 1/3 deles no governo da nação.
Um número para resumir o calibre do impasse.
O Brasil precisa investir algo como R$ 130 bi por ano. É o requisito para continuar gerando emprego, renda e receita capaz de ampliar e qualificar a rede pública de educação, a de saúde, transportes, pesquisas etc.

Até hoje engordou ocioso no pasto financeiro da dívida pública. Pronto para o abate líquido quando for esse o interesses de seus detentores. Sem ônus, nem risco.
O pasto raleou substancialmente com as podas feitas por Dilma na Selic, em 2012.
Mas a obsessão mórbida pela liquidez não serenou a qualidade e o tamanho de apetite.
Ao contrário.
O ventre gordo tem sido instigado a apostar no fracasso das restrições impostas ao capital a juros.
O tambor sombrio não cessa de emitir vaticínios e alertas.

Não importam os fatos.
A intenção é sinalizar a chance de uma volta redentora dos professores banqueiros ao poder, em 2014.
E estes não se fazem de rogados.
Diretamente, ou por intermédio de porta-vozes credenciados no jornalismo econômico, confirmam as intenções futuras, ao clamar pela alta dos juros já no presente.
Apascentam assim, as incertezas rentistas com o feno amargo das expectativas voláteis.

Private banks, contas especiais que administram grandes fortunas no país, tem sob seu piquete uns R$ 500 bilhões.
Dinheiro coagulados pela guerra política que condiciona a engrenagem econômica.
Dinheiro ruminando indecisão.
Quase cinco anos do investimento pesado que o Brasil precisa fazer para avançar na caminhada da última década está aí.

os 33 anos rememorados a partir desta 4ª feira guardam algo do impulso original capaz de romper o novo ardil conservador, menos ostensivo, porém, mais complexo que aquele dos anos 70/80?
A distinção se estende à relação de forças.
Hoje,em certa medida, até mais favoráveis que a dos anos 70/80.
A supremacia neoliberal esfarelou-se. A oposição está atada a esse colapso como carne e osso.

Acima de tudo: os ingredientes e a escala modificaram-se.
Para melhor.
Entraram no jogo 50 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente através das políticas públicas implantadas desde 2003.
Exceto em breves intervalos de disputa eleitoral, essa paleta de forças e interesses quase nunca se mobilizou de forma coordenada e contundente.
Em certa medida, é como se o PT desconhecesse o real alcance do protagonista político mais importante que ajudou a revelar.
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Quando: 20 de fevereiro
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Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1193
Leia também:
- A criminalização do PT e do povo - Lígia Deslandes
Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.