segunda-feira, 24 de junho de 2013

Carta Aberta à Presidenta

24/06/2013 - Rodrigo Vianna em seu blog Escrevinhador

O Movimento Passe Livre São Paulo recebeu um convite para reunir-se nesta segunda-feira [24/6] com a Presidenta Dilma Rousseff em Brasília. Com o intuito de estimular o debate público, divulgaram a carta aberta abaixo, que será entregue à presidenta no encontro.

À Presidenta Dilma Rousseff,

Ficamos surpresos com o convite para esta reunião. Imaginamos que também esteja surpresa com o que vem acontecendo no país nas últimas semanas. Esse gesto de diálogo que parte do governo federal destoa do tratamento aos movimentos sociais que tem marcado a política desta gestão. Parece que as revoltas que se espalham pelas cidades do Brasil desde o dia seis de junho tem quebrado velhas catracas e aberto novos caminhos.

O Movimento Passe Livre, desde o começo, foi parte desse processo.

Somos um movimento social autônomo, horizontal e apartidário, que jamais pretendeu representar o conjunto de manifestantes que tomou as ruas do país. Nossa palavra é mais uma dentre aquelas gritadas nas ruas, erguidas em cartazes, pixadas nos muros.

Em São Paulo, convocamos as manifestações com uma reivindicação clara e concreta: revogar o aumento. Se antes isso parecia impossível, provamos que não era e avançamos na luta por aquela que é e sempre foi a nossa bandeira, um transporte verdadeiramente público. É nesse sentido que viemos até Brasília.

O transporte só pode ser público de verdade se for acessível a todas e todos, ou seja, entendido como um direito universal. A injustiça da tarifa fica mais evidente a cada aumento, a cada vez que mais gente deixa de ter dinheiro para pagar a passagem. Questionar os aumentos é questionar a própria lógica da política tarifária, que submete o transporte ao lucro dos empresários, e não às necessidades da população. Pagar pela circulação na cidade significa tratar a mobilidade não como direito, mas como mercadoria.

Isso coloca todos os outros direitos em xeque: ir até a escola, até o hospital, até o parque passa a ter um preço que nem todos podem pagar. O transporte fica limitado ao ir e vir do trabalho, fechando as portas da cidade para seus moradores. É para abri-las que defendemos a tarifa zero.

Nesse sentido gostaríamos de conhecer o posicionamento da presidenta sobre a tarifa zero no transporte público e sobre a PEC 90/11, que inclui o transporte no rol dos direitos sociais do artigo 6o da Constituição Federal.

É por entender que o transporte deveria ser tratado como um direito social, amplo e irrestrito, que acreditamos ser necessário ir além de qualquer política limitada a um determinado segmento da sociedade, como os estudantes, no caso do passe livre estudantil. Defendemos o passe livre para todas e todos!

Embora priorizar o transporte coletivo esteja no discurso de todos os governos, na prática o Brasil investe onze vezes mais no transporte individual, por meio de obras viárias e políticas de crédito para o consumo de carros (IPEA, 2011).

O dinheiro público deve ser investido em transporte público! Gostaríamos de saber por que a presidenta vetou o inciso V do 16º artigo da Política Nacional de Mobilidade Urbana (lei nº 12.587/12) que responsabilizava a União por dar apoio financeiro aos municípios que adotassem políticas de priorização do transporte público.

Como deixa claro seu artigo 9º, esta lei prioriza um modelo de gestão privada baseado na tarifa, adotando o ponto de vista das empresas e não o dos usuários.

O governo federal precisa tomar a frente no processo de construção de um transporte público de verdade. A municipalização da CIDE, e sua destinação integral e exclusiva ao transporte público, representaria um passo nesse caminho em direção à tarifa zero.

A desoneração de impostos, medida historicamente defendida pelas empresas de transporte, vai no sentido oposto. Abrir mão de tributos significa perder o poder sobre o dinheiro público, liberando verbas às cegas para as máfias dos transportes, sem qualquer transparência e controle.

Para atender as demandas populares pelo transporte, é necessário construir instrumentos que coloquem no centro da decisão quem realmente deve ter suas necessidades atendidas: os usuários e trabalhadores do sistema.

Essa reunião com a presidenta foi arrancada pela força das ruas, que avançou sobre bombas, balas e prisões. Os movimentos sociais no Brasil sempre sofreram com a repressão e a criminalização.

Até agora, 2013 não foi diferente: no Mato Grosso do Sul, vem ocorrendo um massacre de indígenas e a Força Nacional assassinou, no mês passado, uma liderança Terena durante uma reintegração de posse; no Distrito Federal, cinco militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foram presos há poucas semanas em meio às mobilizações contra os impactos da Copa do Mundo da FIFA.

A resposta da polícia aos protestos iniciados em junho não destoa do conjunto: bombas de gás foram jogadas dentro de hospitais e faculdades; manifestantes foram perseguidos e espancados pela Polícia Militar; outros foram baleados; centenas de pessoas foram presas arbitrariamente; algumas estão sendo acusadas de formação de quadrilha e incitação ao crime; um homem perdeu a visão; uma garota foi violentada sexualmente por policiais; uma mulher morreu asfixiada pelo gás lacrimogêneo.

A verdadeira violência que assistimos neste junho veio do Estado – em todas as suas esferas.

A desmilitarização da polícia, defendida até pela ONU, e uma política nacional de regulamentação do armamento menos letal, proibido em diversos países e condenado por organismos internacionais, são urgentes.

Ao oferecer a Força Nacional de Segurança para conter as manifestações, o Ministro da Justiça mostrou que o governo federal insiste em tratar os movimentos sociais como assunto de polícia.

As notícias sobre o monitoramento de militantes feito pela Polícia Federal e pela ABIN vão na mesma direção: criminalização da luta popular.

Esperamos que essa reunião marque uma mudança de postura do governo federal que se estenda às outras lutas sociais: aos povos indígenas, que, a exemplo dos Kaiowá-Guarani e dos Munduruku, tem sofrido diversos ataques por parte de latifundiários e do poder público; às comunidades atingidas por remoções; aos sem-teto; aos sem-terra e às mães que tiveram os filhos assassinados pela polícia nas periferias.

Que a mesma postura se estenda também a todas as cidades que lutam contra o aumento de tarifas e por outro modelo de transporte: São José dos Campos, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, entre muitas outras.

Mais do que sentar à mesa e conversar, o que importa é atender às demandas claras que já estão colocadas pelos movimentos sociais de todo o país. Contra todos os aumentos do transporte público, contra a tarifa, continuaremos nas ruas! Tarifa zero já!

Toda força aos que lutam por uma vida sem catracas!

Movimento Passe Livre São Paulo
24 de junho de 2013

Cheque a informação antes de divulgar algo sério via redes sociais

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog

Facebook e Twitter têm sido fundamentais para catalisar o processo de mobilização dos últimos dias.

Mas, ao mesmo tempo, uma situação nova como esta, em que não é possível prever o que acontecerá logo em seguida, é um terreno fértil para cultivar boatos. Muita coisa fake tem corrido a rede loucamente, criando medo. Tenho encontrado pessoas que estão apavoradas ou, pior, histéricas por conta de postagens.

Segui o histórico de replicação dessas postagens e cheguei aonde? Em lugar algum, nada que sustente a informação. Ou era “telefone sem fio”, do tipo “quem conta um conto aumenta um ponto”, ou problemas de interpretação de texto sobrepostos ou um pessoal que, acredito, criou a história porque lhes era conveniente. Igual a uma cebola: é grande, é dura, mas se você for descascando descobre que, lá dentro, não tem nada.

Como já escrevi, fico assustado com a quantidade de coisa mal checada e precipitada que circula pelas redes sociais, principalmente em momentos de grande comoção. Fofoca sempre existiu, mas agora é transmitida em massa e em tempo real. As plataformas digitais em redes sociais ajudam a mudar o modo como nos comunicamos e fazemos fluir informação pela sociedade, alterando – consequentemente – as estruturas tradicionais de poder. O que é fantástico. Mas se elas ajudam a furar bloqueios e formar, também desinformam.

Tem sempre um pilantra distorcendo ou descontextualizando informação e divulgando-a, por ignorância, má fé ou visando a um objetivo pessoal ou de seu grupo. Ou aqueles que misturam realidade e desejo, fato e ficção, consciente ou inconscientemente.

Fiz com a ajuda de colegas jornalistas, há algum tempo, dez conselhos para usar bem o Twitter e o Facebook na cobertura de um acontecimento. Trago eles de novo, atualizados para o momento. Já ouço lá no fundo alguém me chamar de censor. Bem, alguns podem achar que o certo seria divulgar tudo e deixar os próprios internautas perceberem o que é mentira. Tipo: deixa que o mercado se regular sozinho que, automaticamente, o  bem estar da população será atendido. Faz me rir.

Uma informação errada ao ser divulgada causa um impacto negativo contrário maior do que sua correção. Ou seja, muitas vezes, o desmentido (por ser mais sem graça) não chega tão longe quando a denúncia.

Há muita coisa acontecendo nesses tempos interessantes em que vivemos. Tudo tem que ser encarado com calma e responsabilidade. Então, controlem a emoção.

Os Dez Mandamentos para Jornalista de Facebook e Twitter

1) Não divulgarás notícia sem antes checar a fonte da informação.

2) Não divulgarás notícias relevantes sem atribuir a elas fontes primárias de informação. Um “cara gente boa” ou uma BFF não é, necessariamente, fonte de informação confiável

3) Tuítes e posts “apócrifos”, sem fonte clara, jamais serão aceitos como instrumento de checagem ou comprovação.

4) Não esquecerás que informação precede opinião.

5) Não confirmarás presença em eventos duvidosos do Facebook sem antes checar o tema e o naipe do organizador. Por exemplo, quem tem fetiche por armas não combina, necessariamente, com pautas de paz. E terás cuidado com o que atestas. Um “like” não é inofensivo.

6) Lembrarás que mais vale um tuíte ou post atrasado e bem checado que um rápido e mal apurado. E que um número grande de retuítes, compartilhamentos e “likes” não garante credibilidade de coisa alguma.

7) Não matarás – sem antes checar o óbito.

8 ) Não se esquecerás que a apuração in loco, por telefone e/ou por e-mail precede, em ordem decrescente de importância, o chute.

9) Não terás pudores de reconhecer, rapidamente e sem poréns, o erro em caso de divulgação ou encaminhamento de informação incorreta.

10) Na dúvida, não retuitarás, compartilharás ou darás “like” em coisa alguma. Pois, tu és responsável por aquilo que repassas e atestas. Ou seja, se der merda, você também é culpado.

domingo, 23 de junho de 2013

Globo e os Protestos

What is this, 'companheiro'?

Tem boi na linha. #ChangeBrazil?  Quais seus interesses?



Por Fernando Brito, do Tijolaço*
Quanto mais pessoas colocarem pressão sobre o Brasil, mais rápido o Brasil terá que se dobrar”, diz porta-voz anônimo do movimento #ChangeBrazil.

Nem tudo que está acontecendo parece ser espontâneo. Qualquer pessoa que já tenha trabalhado com planejamento de campanha publicitária, especialmente online, sabe que algo assim é possível. Não é tão diferente de planejar o lançamento de um filme ou turnê para o público jovem.

Há um movimento na internet, que surgiu no dia 14 de junho, voltado principalmente para jovens, chamado #ChangeBrazil (surgiu assim mesmo, em inglês). Em português o nome do movimento é Muda Brasil. Esse movimento postou vídeos, aparentemente espontâneos, que foram vistos por mais de 1 milhão de pessoas, a maioria deles jovens (muitos secundaristas) que estão indo para as manifestações em clima de festa e máscara V de Vingança.

Na quinta-feira, dia 13 de junho, a polícia do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) reprimiu de forma violenta manifestantes do Movimento Passe Livre, cidadãos e jornalistas. Logo no dia seguinte a grande imprensa passou a defender o movimento e surgiu um vídeo, em inglês, com legendas em inglês, que se intitulava “Please help us” (Por favor, nos ajude). O vídeo, com um narrador com visual rebelde (alguém sabe quem ele é?) que já foi visto por mais de 1 milhão e 300 mil pessoas, passa rapidamente sobre tarifa de ônibus, critica a mídia e estimula aos jovens o ódio contras os políticos, enaltece o STF e estimula quem ver o vídeo a espalhá-lo e debater o assunto na internet. Sugiro que quem não entende o clima da juventude no protesto ou que tem ilusões de que eles são de esquerda, o assista (youtu.be/AIBYEXLGdSg).

O vídeo parece simples, mas a iluminação e fundo é profissional, foi feito em estúdio, e se prestar atenção, verá que o manifestantes (alguém o conhece?) de inglês perfeito, está lendo um teleprompter. O vídeo é feito em inglês, mas a maioria dos comentários é de brasileiros. Não há acessos a estatísticas. O vídeo foi feito e visto provavelmente por brasileiros, jovens, de classe média e alta que falam inglês. Fala da Copa do Mundo (preste atenção: todos falarão). E termina dizendo que “o povo é mais forte que aqueles eleitos para governá-los”.

Que movimento pelo Passe Livre faria um vídeo em inglês ? Quem é esse sujeito? Quem pagou essa produção, feita em estúdio com teleprompter? 

As dicas sobre quem ele é o que as pessoas que estão por trás disso querem estão no segundo vídeo, postado durante as manifestações de segunda-feira.  Este fala em português. Carregado de sotaque, celebra a tomada do Congresso Nacional por “protestantes” (sic). Esse vídeo foi menos visto, mas não pouco visto, são 66 mil pessoas (youtu.be/z-naoGBSX9Y). Ele dá parabéns pela manifestação, pelas pessoas mostrarem que “amam” seu país. E segue para dar instruções. Cita as hashtags #changebrazil e o #brazilacordou (sic). Diz que o público não pode se desconcentrar nisso pelo gol do Neymar, ou pelo BBB. Diz que não devem falar de outros assuntos. Mas ao mesmo tempo a mensagem é vazia além de “Muda Brasil”. Ele se refere sempre sobre o que acontece como isso. E no minuto 2:06 diz para as pessoas fazerem o material para o exterior porque “quanto mais pessoas colocarem pressão sobre o Brasil, mais rápido o Brasil terá que se dobrar”.

Que movimento é esse que quer mudar o Brasil fazendo ele se dobrar?
Ele mistura nas pautas do seu "movimento" coisas que todos defendem, como a lua contra a corrupção e mais verbas para saúde e educação. Talvez por “coincidência” as mesmas pautas centrais, com a mesma linha de discurso foi postada em um vídeo supostamente feito pelo grupo Anonymous, justamente quando as tarifas iam baixar, para propor novas causas. Ele já foi visto por 1 milhão e 400 mil pessoas (youtu.be/v5iSn76I2xs). Importante lembrar que como os vídeos do Anonymous usam imagem padrão e voz falada por digitada pelo Google, e são postadas em contas do You Tube aleatórias qualquer um pode fazer um vídeo se dizendo Anonymous.

O nosso amigo de sotaque não é o único vídeo que veio de fora. Já ficou famoso o vídeo de uma menina bonitinha, Carla Dauden, uma brasileira que mora em Los Angeles, falando contra a Copa do Mundo. Na descrição do vídeo ela diz que tinha feito o vídeo antes dos protestos (talvez para justificar a produção apurada), mas postou no dia 17 de junho. Carla diz que mais de 2 milhões de pessoas o viram. De novo, em inglês com legendas.

Pretensamente para o exterior, mas de novo a maioria dos comentários é brasileiro. Ou seja, são para jovens que falam inglês. Diz mentiras como que os custos do evento teriam sido 30 bilhões de dólares, o que parece que os estádios custaram isso. Quando na verdade os custos reais são 28 bilhões de dólares, a maior parte em obras de mobilidade urbana, não estádios – veja o vídeo aqui (youtu.be/ZApBgNQgKPU). Mas quem está checando acusações?
Prestem atenção. A soma de apenas esses 3 vídeos somente deu 5 milhões de visualizações no You Tube.

Dê uma busca por "changebrazil" ou Muda Brasil, o nome dos vídeos em português do “movimento” que quer dobrar o Brasil no Youtube, e descubra você mesmo. Será que está acontecendo um 1964 2.0?
*Não deixe de ler esse outro Tijolaço: A Camde agora mora na Barra

sábado, 22 de junho de 2013

Contra os fascistas, a força das redes e dos processos democráticos

21/06/2013 - Editorial: Contra os fascistas, a força das redes e dos processos democráticos
- por Renato Rovai - Revista Fórum

Na sociedade da informação as disputas são de redes contra redes. Tem sido assim em todos os cantos do mundo. Está sendo assim nos últimos dias no Brasil. As redes disputam seus espaços com ideias e também com força bruta.

O que fazer num momento desses quando a situação chega no limite?

A Cooperifa, um movimento cultural da periferia de São Paulo, acaba de dar uma boa resposta.

O Sérgio Vaz está convocando toda a rede que se articula nesse espaço para uma reunião hoje, às 20h, no Zé Batidão. Pauta: os rumos do país.

Ele não está chamando as pessoas para a guerra e nem para o confronto. A convocação é para uma conversa. Para uma articulação. Para um debate. E para pensar como e de que forma se deve reagir ao que se viveu na noite de hoje em muitas cidades brasileiras.

A molecada da periferia que foi às ruas contra o aumento do busão, segundo o Vaz, não quer saber desses fascistas que estão se apropriando do Movimento Passe Livre.

É hora de fazer milhares de reuniões como essa Brasil afora, para discutir o que está acontecendo. E avançar na conscientização política. A inclusão pelo consumo tem seu limite.

Por isso os encontros não podem ser só para petistas, lulistas, dilmistas e governistas.

Devem ser para todos que prezam a democracia e temem pela barbárie que seria instalada caso fascistas que agridem aqueles que defendem ideias diferentes das suas venham a assumir o controle do país.

Ou alguém acha que esses fundamentalistas no poder vão respeitar a pluralidade democrática?

Ou imagina que grupos que atacam homossexuais que estão na marcha devem liderar nossos lutas?

Ou pensa que a Globo fez o Jabor dar meia volta nas suas opiniões porque gosta do Passe Livre?

É fato que o governo Dilma abandonou boa parte dos movimentos que defenderam o projeto que venceu a eleição de 2002 nas ruas e nas redes.

passou a privilegiar a interlocução com setores fisiológicos.

E por isso, muitos daqueles que defenderam Lula nas piores condições de ataque do chamado mensalão, hoje não têm muita disposição para defender este projeto.

Dilma é muito mais generosa com Katia Abreu do que com Stédile.

Mais atenciosa com grandes empresários do que como sindicalistas, que são humilhados em longas esperas nas antessalas de burocratas.

Seu atual ministro das Comunicações beija a mão das teles e trata os que lutam a favor da democratização das comunicações como inimigos.

A Globo é bajulada com carinho de mãe pela Secom e a mídia alternativa e a blogosfera são completamente ignoradas.

Isso tudo e muitas outras coisas têm que fazer parte dos encontros que você vai fazer com seus amigos e suas redes. Nada precisa ficar debaixo do tapete. É hora de sacudir a poeira. Mas também é o momento de ter lado.

A Revista Fórum não é a Veja, não é a Globo e também não é composta por burocratas de gabinete, que devem estar assustadíssimos com os ruídos das ruas. É momento de ir à luta.

A Revista Fórum estará do lado da democracia, da mesma forma que estava ao lado do Passe Livre, dos indígenas, da galera da cultura digital, do MST, do movimento sindical combativo, da economia solidária e dos jovens que acreditam na política contra uma juventude que a nega.

A partir de hoje, Fórum estará divulgando todos os encontros como o da Cooperifa. Basta que você envie fotos e a sua narrativa para nossos endereços nas plataformas sociais. A direita fascista sempre esteve entre nós, mas nossos valores são mais legítimos e nossas redes potencialmente mais fortes.


Esta direita busca capturar a luta legítima do Movimento do Passe Livre . Mas, parafraseando Quintana, não passarão. E nós, passarinho.


Contra a barbárie, a força dos processos democráticos é sempre a melhor aposta. Por enquanto, organize o seu evento, dinamize a sua rede.


Haverá uma hora certa para reocupar as ruas com as ideias e a força dos valores e dos princípios democráticos.


Não serão 100 mil, seremos milhões.

Fonte:
http://revistaforum.com.br/blog/2013/06/editorial-contra-os-fascistas-a-forca-das-redes-e-dos-processos-democraticos/

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Movimento Passe Livre diz que não fará mais atos

Após hostilidades contra partidos e movimentos sociais, integrantes do MPL descartam novas manifestações


Da Carta Capital
O Movimento Passe Livre não deve convocar novas manifestações em São Paulo. Depois de organizar sete atos contra o aumento da passagem na cidade, o grupo resolveu não fazer novos atos depois de quinta-feira 20.

Em entrevista a rádio CBN nesta sexta-feira 21, o MPL explicou a decisão. “O MPL não vai convocar novas manifestações. Houve uma hostilidade com relação a outros partidos por parte de manifestantes, e esses outros partidos estavam desde o início compondo a luta contra o aumento e pela revogação", afirmou Douglas Beloni, militante do grupo.

No último protesto, militantes de partidos e movimentos sociais foram hostilizados por outros manifestantes. Antes do ato, o MPL já havia se pronunciado favoravelmente à presença dos partidos.

Douglas falou que o MPL luta por transporte público, mas apoia os outros movimentos sociais. Ele também disse que o grupo deve continuar focado na tarefa de pedir a tarifa gratuita de transporte na cidade.

Na madrugada de quinta-feira para sexta-feira 21, o movimento divulgou uma nota condenando as hostilidades. Confira o comunicado na íntegra:

O Movimento Passe Livre (MPL) foi às ruas contra o aumento da tarifa. A manifestação de hoje faz parte dessa luta: além da comemoração da vitória popular da revogação, reafirmamos que lutar não é crime e demonstramos apoio às mobilizações de outras cidades. Contudo, no ato de hoje presenciamos episódios isolados e lamentáveis de violência contra a participação de diversos grupos.

O MPL luta por um transporte verdadeiramente público, que sirva às necessidades da população e não ao lucro dos empresários. Assim, nos colocamos ao lado de todos que lutam por um mundo para os debaixo e não para o lucro dos poucos que estão em cima. Essa é uma defesa histórica das organizações de esquerda, e é dessa história que o MPL faz parte e é fruto.

O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação de hoje, da mesma maneira que repudiamos a violência policial. Desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos.

Toda força para quem luta por uma vida sem catracas.

MPL-SP

Cuidado com movimentos apartidários


Os fascistas querem tomar as ruas


Por Altamiro Borges - no seu Blog

Cenas deploráveis foram presenciadas nas manifestações desta quinta-feira (20). Pegando carona nos atos para festejar a redução das tarifas do transporte público em várias cidades, milícias fascistas e grupos de provocadores saíram às ruas para rasgar bandeiras de partidos e agredir militantes de esquerda.

Aproveitando-se de um sentimento difuso contra a política, estimulado diariamente pela mídia oligopolizada e golpista, estas hordas espalharam o pânico. As forças democráticas da sociedade precisam rapidamente rechaçar estes atentados, que colocam em risco a democracia brasileira. É preciso alertar os mais inocentes para eles não se tornem massa de manobra dos grupos fascistas.

Na Avenida Paulista, centro de São Paulo, uma minoria de vândalos atacou militantes do PT, PCdoB e MST. Aos berros, pessoas mascaradas gritavam “ditadura, já” e dirigiam ataques raivosos contra a presidenta Dilma Rousseff, eleita pela maioria do povo brasileiro. No Rio de Janeiro, sindicalistas da CUT foram cercados e agredidos e tiveram suas bandeiras arrancadas. Militantes do PSTU e do PSOL também têm sido alvo de provocações. O grito de guerra entoado por estes setores intolerantes é “sem partido” – numa negação à luta política e democrática, que traz à memória as péssimas lembranças da ascensão do nazifascismo na Europa e dos golpes militares na América Latina.

Até setores que apostaram na radicalização, sonhando com “a revolução na próxima esquina”, estão assustados. Como escreveu Valério Arcary, respeitado dirigente do PSTU, os ataques são “covardes” e partem de pessoas “mascaradas, alimentando a ilusão de que a intimidação física é o bastante para vencer na luta política... O antipartidarismo, mais grave quando se dirige contra a esquerda socialista, é uma ideologia reacionária e tem nome: chama-se anticomunismo. Foi ela que envenenou o Brasil para justificar o golpe de 1964 e vinte anos de ditadura. Não deixem baixar as bandeiras vermelhas. Foram os melhores filhos do povo que derramaram seu sangue pela defesa delas”.

A presença destas hordas fascistas já tinha se manifestado antes desta quinta-feira. Como registrou José Francisco Neto, do jornal Brasil de Fato, “na segunda e na terça-feira, a reportagem constatou sensível diferença nos atos comparando-os com a semana anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos sociais. As bandeiras de partidos não foram mais estiadas. Muitas, inclusive, foram impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas que pediam ‘Sem partido’... Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram agredidas”.

Fonte: Blog  do Miro

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/06/os-fascistas-sairam-as-ruas.html

Não tenham medo dos jovens. Apenas os escutem



Maria Inês Nassif

Jornal GGN - Era um oceano de jovens. No meio, os não jovens sumiram – estavam lá como lembrança de ontem, com suas convicções democráticas intocáveis, indignados com a violência policial da semana anterior, com o conservadorismo político e com a pesada herança do passado autoritário que estava por trás de cada bomba de efeito moral e cada bala de borracha atirada pela polícia contra um jovem. Mas aquele não era o lugar para pessoas maduras. As ruas de São Paulo foram o endereço dos jovens na última segunda-feira – e naquele palco, o recado que deram em cada pedaço de papel empunhado como cartaz, cada um como parte de um mosaico caótico de miríades de reivindicações e protestos, é que o sistema político está velho. Estava velho antes. Envelheceu ainda mais, com maior velocidade, nas últimas semanas em que os jovens ocuparam as ruas.

As ruas tornaram-se espaço para cada um manifestar desconfortos particulares, grandes incômodos: contra o aumento das passagens, a educação ruim, a corrupção, a polícia de Geraldo Alckmin, a política – “nenhum partido me representa”, diziam vários desses cartazes-recados, tolerados pela multidão que impediu os partidos de empunharem suas bandeiras nas manifestações. Daí, no entanto, a atribuir ao movimento a negação da política, vai uma grande distância. O Movimento pelo Passe Livre foi o estopim de uma coisa maior: quando catalisou insatisfações, expôs uma enorme fragilidade da atual democracia.

A reclamação implícita em cada palavra de ordem é que a democracia não incorporou os jovens no jogo político porque está ultrapassada. Os políticos fizeram partidos na abertura política, forjaram novas lideranças e elas se consolidaram nas estruturas de poder sem que abrissem espaço para ingresso dos que chegavam à vida adulta. As estruturas partidárias não renovaram ideias, bandeiras, ideologias. O sistema, que obriga a formação de grandes coalizões e a grandes concessões em bandeiras que envolvem temas “morais” (como aborto, união de homossexuais etc), não é inteligível por essa faixa da população. Cada avanço social que ocorreu nos últimos dez anos teve como correspondência – na melhor das opções – uma estagnação na agenda de diretos de minorias, rechaçada por aliados conservadores ou bancadas religiosas. Cada vez que um programa social como o Bolsa Família produz a autonomia da família miserável em relação ao chefe político local, o poder do coronel é reforçado pela aliança que une, na esfera federal, o PT e os partidos de esquerda ao PDS, PMDB, PP, PR ou qualquer que seja.

O Partido dos Trabalhadores sofreu grandes transformações desde a sua fundação, em 1979. Passou pelo pragmatismo necessário para chegar ao poder pelo voto. Uma vez no poder, teve que usar de pragmatismo para formar maiorias. Os últimos dez anos consolidaram grandes conquistas sociais e econômicas que não teriam acontecido sem o apoio militante do partido aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Todavia, quatro anos de enquadramento definitivo das bases partidárias à realidade eleitoral – de 1994 a 1998 – e dez anos no governo consolidaram o domínio de uma aliança interna que se tornou amplamente majoritária, tem o controle das decisões partidárias e é o elo de ligação da máquina petista com o governo. As velhas lideranças também firmaram suas posições dentro do partido e no governo por meio de mandatos eletivos - e hoje, conseguem esses mandatos, salvo honrosas exceções, com a mais prosaica política eleitoral. O sistema político tradicional engoliu a única estrutura partidária que, em sua origem, foi criada como partido de massas. Não existe possibilidade de ingresso e ascensão dentro da máquina para os novos.

Os pequenos partidos que se formaram como dissidências do PT à esquerda, como o PSTU e o PSOL, mantém-se com pouquíssimo apelo a uma massa jovem que está à procura de portas de entrada para a militância política. As organizações são feitas ainda à imagem e semelhança de velhos partidos de esquerda. A linguagem deles não corresponde a de uma geração que quer fazer política, mas não leu Marx, nem Lênin, nem entende a razão de precisar de um manual de política para ser contra o aumento do ônibus e a favor da descriminalização do aborto; contra os projetos homofóbicos da bancada evangélica e a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo; contra os políticos, mas a favor da democracia.  O maior partido de oposição, o PSDB, trilhou um caminho do elitismo quase sem volta, quando entendeu como único caminho para a disputa pelo poder nas urnas a via da direita. Sempre esteve longe de ser um partido de massas - e cada vez mais se distancia léguas dessa possibilidade.

Nenhum dos partidos em funcionamento se antecipou à onda de participação dessa geração das redes sociais, de jovens que se comunicam muito fácil entre si, mas têm dificuldades de ser escutados pelos outros.

Os partidos, nem do governo, nem da oposição, devem ter medo desses jovens. Devem apenas escutar o que eles dizem.

Fonte:http://www.jornalggn.com.br/blog/nao-tenham-medo-dos-jovens-apenas-os-escutem

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sobre o que dizem as ruas

16/06/2013 - Vinicius Wu (*) - Carta Maior

A forma menos adequada de buscarmos a compreensão de um fenômeno social complexo é a simplificação. Não encontraremos uma única motivação para os recentes protestos que se espalharam pelas principais cidades do país, se o procurarmos.

Temos questões mais gerais e universais ao lado de outros muitos temas locais e setoriais. Há aspectos que aproximam os manifestantes de São Paulo aos do Rio e de Porto alegre e, outros tantos, que os distanciam.

O papel da internet e das redes sociais é central e, em geral, os políticos e formadores de opinião não o tem compreendido minimamente. Buscar algum grau de compreensão do atual fenômeno, a partir do ponto de vista de uma esquerda que se coloca diante do dificílimo desafio de governar transformando, é o objetivo desse breve artigo.

O que se pode dizer preliminarmente é que estamos diante de uma expressão política do novo Brasil. A revolução democrática, levada a termo pelos governos Lula, redefiniu a estrutura de classes da sociedade brasileira, incluiu milhões de brasileiros à sociedade de consumo e possibilitou a emergência de novas expressões culturais e políticas.

Mas o inédito processo de inclusão social e econômica ainda é imperfeito, inconcluso e contraditório. As dinâmicas políticas decorrentes do processo massivo de inclusão social em curso ainda são imprevisíveis, mas algumas pistas são visíveis e exigem da esquerda brasileira uma reflexão mais adensada.

As conquistas sociais dos últimos anos vieram acompanhadas da despolitização da política, de uma onda conservadora que constrange o Congresso Nacional e paralisa os partidos de esquerda, distanciando, ainda mais, a juventude da política tradicional.

Lembremos que, recentemente, tivemos manifestações espontâneas, em todo o país, contra a indicação de Marcos Feliciano à Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional. Na oportunidade, nenhum manifestante propunha o fechamento do Congresso ou a criminalização dos políticos.

E o que fez nosso Parlamento enquanto Instituição? Nada. Esperou solenemente o movimento se dispersar. Frente à onda conservadora que estimula a homofobia, o racismo e a violência sexista, o que têm feito os partidos políticos?

Os ruralistas de sempre se organizam no Congresso Nacional para anular os direitos dos indígenas e o que dizem nossos parlamentares progressistas?

Os dez anos de governo de esquerda no país nos deixam um legado de grandes conquistas, entretanto, há incerteza e imprecisão quanto aos próximos passos. Demandas históricas não atendidas carecem de respostas mais amplas.

Além disso, novas questões sempre se impõem num cenário de conquistas sociais e políticas. Pois, se é verdade que os governos do PT incluíram milhões e possibilitaram acesso a inúmeros serviços antes inacessíveis, também é verdade que temos, em diversas áreas, serviços de baixa qualidade e, fundamentalmente, caros.

O transporte nas grandes cidades é um drama cotidiano para milhões de brasileiros. Temos pleno emprego em diversas regiões metropolitanas do país e, no entanto, ainda temos um oceano de precariedade e informalidade.

E aqueles que ingressaram na sociedade de consumo nos últimos anos, legitimamente, querem mais: anseiam por cultura, lazer, mais e melhores serviços, educação de qualidade, saúde, segurança e transportes.

São os efeitos colaterais de toda experiência exitosa de redução das desigualdades sociais e econômicas.

Evidentemente, há ainda o afastamento e o desencantamento com a política e os políticos

 A denominada "crise da representação" não é um conceito acadêmico abstrato.

O déficit de democracia e de legitimidade das instituições políticas colocam em xeque a capacidade dos atuais representantes em absorver e compreender as novas dinâmicas sociais e políticas que se expressam nas ruas do país. 

Nossa jovem democracia corre o risco de caducar precocemente, caso não tenhamos êxito em ressignificá-la e reaproximá-la dos setores sociais mais dinâmicos.

Essas seriam algumas das questões mais gerais que aproximam os movimentos do Sul, sudeste e nordeste.

Mas há ainda temas locais que incidem sobre dinâmicas especificas e mobilizam pessoas a partir de questões mais sensíveis a partir de sua vivência concreta nos territórios.

O Rio de Janeiro, por exemplo, se tornou uma das cidades mais caras do mundo.

Há uma reorganização em grande escala do espaço urbano e há setores sociais que se sentem completamente alheios (e marginalizados) ao processo de "modernização" da cidade.

Em São Paulo, temos uma polícia orientada para o uso desmedido e desproporcional da força e da violência – e isso não diz respeito somente aos dias de protestos. Também há ali um tipo de violência estrutural contra homossexuais e mulheres sem que o Poder Público organize qualquer resposta mais contundente. Poderíamos estender a lista. 

Por fim, cumpre registrar que seria recomendável aos dirigentes políticos do campo progressista afastar o risco de reproduzir aqui os erros da esquerda espanhola que, inicialmente, criminalizou o 15-M [também conhecido como o "movimento dos Indignados" espanhóis - Educom] e terminou falando sozinha nas últimas eleições.

Também seria recomendável não outorgar, de forma alguma, às elites brasileiras uma capacidade de mobilização que ela não possui e jamais possuirá.

Refutar a ideia de que os jovens estão nas ruas em função da mídia ou de qualquer tipo de conspiração das "elites" é o primeiro passo para não cair em um erro elementar que seria bloquear qualquer possibilidade de dialogo com esses novos movimentos.

Melhor acreditar que é possível extrair do atual momento elementos para a renovação da agenda da esquerda brasileira e reforçar os laços que unem os governos progressistas da América Latina a todas as lutas contra as diversas formas de privatização da vida.

É hora de reforçarmos nossa capacidade de dialogo, de escuta, e ouvir a voz nada rouca das ruas – a mesma que nossos adversários sempre buscaram silenciar.

Estamos diante de uma oportunidade singular para renovarmos nossos discursos e nossas práticas, projetando o próximo passo da Revolução Democrática no Brasil com base na força sempre renovadora das mobilizações da juventude.

(*) Secretário-geral do governo do Estado do Rio Grande do Sul

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22203

Nota:

A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A verdade proibida

16/06/2013
- A verdade proibida: os EUA estão a canalizar armas químicas para a Al Qaeda na Síria
- por Michel Chossudovsky - site Resistir.info, de Portugal

Obama é um mentiroso e um terrorista 
– Quem cruzou a "Linha vermelha"? 
Obama e John Kerry apoiam uma organização terrorista que consta na lista negra do Departamento de Estado.


Estará o presidente Obama a preparar o cenário para uma "intervenção humanitária" ao acusar displicentemente o presidente sírio de matar o seu próprio povo? 

"Na sequência de uma revisão deliberativa, nossa comunidade de inteligência estima que o regime Assad utilizou armas químicas, incluindo o agente de nervos sarin, em pequena escala contra a oposição múltiplas vezes durante o ano passado

O vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, afirmou numa declaração: "Nossa comunidade de inteligência tem alta confiança naquela estimativa devido a múltiplas e independentes fontes de informação". 

Obama avisou o presidente Bashar Al Assad das "enormes consequências" de ter cruzado a "linha vermelha" ao alegadamente utilizar armas químicas. 

Dinheiro e armas para a Al Qaeda 
A saga das armas de destruição maciça (ADM) no Iraque, com base em provas falsificadas, está a desdobrar-se. Os media ocidentais em coro acusam implacavelmente o governo sírio de assassínio em massa premeditado, conclamando a "comunidade internacional" a vir resgatar o povo sírio. 

A Síria transpõe a "linha vermelha" sobre armas químicas. Como responderá Obama? 

A "oposição" síria está a clamar junto aos EUA e seus aliados para que implementem uma zona de interdição de voo (no fly zone). 

A Casa Branca por sua vez reconheceu que a linha vermelha "fora cruzada", enfatizando ao mesmo tempo que os EUA e seus aliados "aumentarão o âmbito e a escala da assistência" aos rebeldes. 

O pretexto das armas químicas está a ser utilizado para justificar ainda mais ajuda militar aos rebeldes, os quais em grande parte foram liquidados pelas forças do governo sírio. 

Estas forças rebeldes derrotadas – em grande parte compostas pela Al Nusrah, associada à Al Qaeda – são apoiadas pela Turquia, Israel, Qatar e Arábia Saudita. 

Os EUA-NATO-Israel perderam a guerra no terreno. Seus combatentes da Frente Al Nusrah, os quais constituem a infantaria da aliança militar ocidental, não podem, sob quaisquer circunstâncias, serem repostos através de um fluxo renovado de ajuda militar dos EUA-NATO

A administração Obama está num impasse: a sua infantaria foi derrotada. Uma "zona de interdição de voo", nesta etapa, seria uma proposta arriscada dado o sistema de defesa aérea da Síria, o qual inclui o sistema russo S-300 SAM.

Os EUA-NATO estão a treinar rebeldes da "oposição" na utilização de armas químicas 

As acusações de armas químicas são falsificadas. Numa ironia amarga, as provas confirmam amplamente que as armas químicas estão a ser utilizadas não pelas forças do governo sírio mas sim pelos rebeldes da Al Qaeda apoiados pelos EUA. 

Numa lógica enviesada pela qual as realidades são invertidas, o governo sírio está a ser acusado pelas atrocidades cometidas pelos rebeldes associados a Al Qaeda patrocinados pelos EUA. 

Os media ocidentais estão a introduzir desinformação nas cadeias de notícias, refutando despreocupadamente as suas próprias reportagens.

Como confirmado por várias fontes, incluindo a CNN, a aliança militar ocidental não só disponibilizou armas químicas para a Frente Al Nusrah como também enviou empreiteiros militares (military contractors) e forças especiais para treinar os rebeldes.

O treino [em armas químicas], o qual está a ter lugar na Jordânia e na Turquia, envolve como monitorar e acumular stocks com segurança, além do manuseamento destas armas em sítios em materiais, segundo as fontes. Alguns dos empreiteiros estão sobre o terreno na Síria a trabalhar com os rebeldes para monitorar alguns dos sítios, segundo um dos responsáveis. 

A nacionalidade dos treinadores não foi revelada, embora os responsáveis advirtam contra a suposição de que todos eles sejam americanos. (CNN , 09/Dezembro/2012, ênfase acrescentada)

Se bem que as notícias e reportagens não confirmem a identidade dos empreiteiros da defesa, as declarações oficiais sugerem um estreito vínculo contratual com o Pentágono.

A decisão estado-unidense de contratar estranhos empreiteiros de defesa para treinar rebeldes sírios a manusearam stocks acumulados de armas químicas parece perigosamente irresponsável ao extremo, especialmente quando se considera quão inepta Washington foi até agora para garantir que apenas rebeldes laicos e confiáveis – na medida em que existam – recebam a sua ajuda e as armas que aliados nos estados do Golfo Árabe têm estado a fornecer. 

Isto também corrobora acusações feitas recentemente pelo Ministério das Relações Exteriores sírio de que os EUA estão a trabalhar para compor o quadro de que o regime sírio como tendo utilizado ou preparado a guerra química. 

"O que levanta preocupações acerca desta notícia circulada pelos media é o nosso sério temor de que alguns dos países apoiando o terrorismo e terroristas possam proporcionar armas químicas aos grupos terroristas armados e afirmar que foi o governo sírio que utilizou tais armas", (John Glaser, Us Defense Contractors Training Syrian Rebels, Antiwar.com, December 10, 2012, ênfase acrescentada).

Não tenhamos ilusões. Isto não é um exercício de treino de rebeldes em não proliferação de armas químicas. 

Enquanto o presidente Obama acusa Bashar Al Assad, a aliança militar EUA-NATO está a canalizar armas químicas para a Al Nusrah, uma organização terrorista na lista negra do Departamento de Estado. 

Com toda a probabilidade, o treino dos rebeldes da Al Nusrah na utilização de armas químicas ficou a cargo de empreiteiros militares privados. 

A Missão Independente das Nações Unidas confirma que forças rebeldes estão na posse do gás de nervos Sarin 

Enquanto Washington aponta o dedo ao presidente Bashar al Assad, uma comissão de inquérito independente das Nações Unidas em Maio de 2013 confirmou que os rebeldes, ao invés do governo, têm armas químicas na sua posse e estão a utilizar gás de nervos sarin contra a população civil.

Investigadores de direitos humanos da ONU reuniram testemunhos das baixas da guerra civil da Síria e de equipes médicas indicando que forças rebeldes utilizaram o agente de nervos sarin, disse domingo um dos principais investigadores. 

A comissão independente de inquérito das Nações Unidas sobre a Síria ainda não viu provas de que forças governamentais tenham utilizado armas químicas, as quais estão proibidas pelo direito internacional, disse Carla Del Ponte [foto], membro da comissão.

"Nossos investigadores estiveram em países vizinhos a entrevistas vítimas, médicos e hospitais de campo e, segundo o seu relatório da semana passada que vi, há fortes e concretas suspeitas, mas não ainda prova incontroversa, da utilização do gás sarin, a partir do modo como as vítimas foram tratadas", disse Del Ponte numa entrevista à televisão suíça-italiana. 

"Isto foi utilizado por parte da oposição, os rebeldes, não pelas autoridades governamentais", acrescentou ela, a falar em italiano. ("U.N. has testimony that Syrian rebels used sarin gas: investigator," Chicago Tribune, May, 5  2013, ênfase acrescentada)

Relatório da polícia turca: "Terroristas do Al Nusrah apoiados pelos EUA possuem armas químicas" 

Segundo a agência de notícias estatal turca Zaman, o Diretorado Geral Turco de Segurança (Emniyet Genel Müdürlügü):

"[A polícia] apreendeu 2 kg de gás sarin na cidade de Adana nas primeiras horas da manhã de ontem. As armas químicas estavam na posse de terroristas do Al Nusra que se acredita terem ido para a Síria. 

O gás sarin é incolor, uma substância inodoro que é extremamente difícil de detectar. O gás é proibido pela Convenção das Armas Químicas de 1993. 


A EGM [polícia turca] identificou 12 membros da célula terrorista Al Nusra e também apreendeu armas de fogo e equipamento digital. Esta é a segunda confirmação oficial importante da utilização de armas química por terroristas da Al Qaeda na Síria após recentes declarações da inspectora Carla Del Ponte  confirmando a utilização de armas químicas pelos terroristas na Síria apoiados pelo Ocidente. 


A polícia turca está actualmente a efectuar novas investigações quanto às operações de grupos ligados à Al Qaeda na Turquia."

(Para mais pormenores ver Gearóid Ó Colmáin, Turkish Police find Chemical Weapons in the Possession of Al Nusra Terrorists heading for Syria, Global Research.ca, May 30, 2013)

Quem cruzou a "Linha vermelha"?
Barack Obama e John Kerry estão a apoiar uma organização terrorista na lista do Departamento de Estado. 

O que se está a desenrolar é um cenário diabólico – o qual faz parte integral do planeamento militar dos EUA –, nomeadamente uma situação em que terroristas da oposição da Frente Al Nusrah aconselhados por empreiteiros ocidentais da defesa estão realmente na posse de armas químicas. 

O Ocidente afirma que está vindo em resgate do povo sírio, cuja vidas alegadamente são ameaçadas por Bashar Al Assad. 


Obama não só "Cruzou a linha vermelha" como está a apoiar a Al Qaeda. Ele é um Mentiroso e um Terrorista. 

A verdade proibida, que os media ocidentais não revelam, é que a aliança militar EUA-NATO-Israel não só está a apoiar a Frente Al Nusrah como também está a disponibilizar armas químicas para forças rebeldes da sua "oposição" proxy. 

A questão mais ampla é:
- Quem constitui uma ameaça para o povo sírio?
- O presidente Bashar al Assad da Síria ou o presidente Barack Obama da América, que ordenou o recrutamento e treino de forças terroristas que estão na lista negra do Departamento de Estado dos EUA? 

Numa ironia amarga, segundo o Bureau of Counter-terrorism do Departamento do Estado dos EUA, o presidente Obama e o secretário de Estado John Kerry, para não mencionar o senador John McCain, podiam ser considerados responsáveis por "conscientemente proporcionar, ou tentar ou conspirar para isso, apoio material ou recursos para, ou envolver-se em transacções com, a Frente al-Nusrah".

O Departamento de Estado emendou o Foreign Terrorist Organization (FTO) e a Executive Order (E.O.) 13224 com as designações da al-Qaida no Iraque (AQI) a fim de incluir os seguintes novos pseudônimos: al-Nusrah Front, Jabhat al-Nusrah, Jabhet al-Nusra, The Victory Front, e Al-Nusrah Front for the People of the Levant.

As consequências de acrescentar a Frente al-Nusrah como nova denominação para a Al Qaida incluem uma "proibição contra conscientemente proporcionar, ou tentar ou conspirar para proporcionar, apoio material ou recursos para, ou envolver-se em transacções com a Frente al-Nusrah, e o congelamento de toda propriedade e interesses na propriedade da organização que estão nos Estados Unidos, ou venham a estar dentro dos Estados Unidos ou controle de pessoas dos EUA." (ênfase acrescentada)

O conselho do Departamento de Estado reconhece que de Novembro de 2011 a Dezembro de 2012:

"A Frente Al-Nusrah reivindicou aproximadamente 600 ataques – que vão de mais de 40 ataques suicidas a armas pequenas e operações com dispositivos explosivos improvisados – em centros de cidade principais incluindo Damasco, Alepo, Hamah, Dara, Homes, Idlib e Dayr al-Zawr. Durante estes ataques numerosos sírios inocentes foram mortos."

O conselho também confirma que "os Estados Unidos efectuam esta acção [de por a Frente Al Nusrah na lista negra] no contexto do nosso apoio geral ao povo sírio. ...

O que se deixa de mencionar é que a administração Obama continua a canalizar dinheiro e armas para a Al Nusrah em desobediência flagrante da legislação contra-terrorismo dos EUA.

O "intermediário" de Washington: O general Salim Idriss 
O "intermediário" de Washington é o Chefe do Supremo Conselho Militar da FSA, general de brigada Salem Idriss [foto abaixo], o qual está em ligação permanente com comandantes militares da Al Nusrah. 


O secretário de Estado John Kerry reúne-se com representantes da oposição síria. Responsáveis dos EUA reúnem-se com o general Idriss. Este último, a actuar por conta do Pentágono, canaliza dinheiro e armas para os terroristas.

Este modelo de apoio ao Al Nusra é semelhante àquele aplicado no Afeganistão pelo qual o governo militar paquistanês do general Zia Ul Haq canalizou armas para os jihadistas "Combatentes a liberdade" no auge da guerra soviética-afegã. 

O apoio dos EUA a terroristas é enviado sempre através de um intermediário de confiança. Segundo um responsável da administração Obama: "Se bem que os Estados Unidos possam ter influência sobre o general Idriss, não têm capacidade para controlar alguns jihadistas – como a Frente Nusra, a qual também está a combater forças do governo sírio". (New York Times, May 23, 2013

John McCain entra na Síria [foto], em mistura com terroristas patrocinados pelos EUA 

Enquanto isso, o senador John McCain "entrou na Síria [no princípio de Junho] a partir da fronteira turca do país e permaneceu ali por várias horas ... McCain encontrou-se com líderes reunidos de unidades do Free Syrian Army tanto na Turquia como na Síria".

[Ao lado imagem de John McCain com o general Salem Idriss]. 

O papel contraditório do Conselho de Segurança das Nações Unidas 
No fim de Maio de 2013 o Conselho de Segurança da ONU acrescentou a Al Nusrah à Lista de sanções da Al Qaida do UNSC.

Mas ao mesmo tempo, a decisão do Conselho de Segurança despreocupadamente descartou o facto, amplamente documentado, de que três membros permanentes do Conselho, nomeadamente a Grã-Bretanha, a França e os EUA, continuam a proporcionar ajuda militar à Frente Jabbat Al Nusrah, em desafio ao direito internacional e à Carta das Nações Unidas.

ANEXO 1 
THE TERRORIST DESIGNATION OF AL NUSRAH BY THE US STATE DEPARTMENT 
U.S. DEPARTMENT OF STATE 
Office of the Spokesperson December 11, 2012 
STATEMENT BY VICTORIA NULAND, SPOKESPERSON [http://translations.state.gov/st/english/texttrans/2012/12/20121211139845.html#ixzz2WDKARO9n]
Terrorist Designations of the al-Nusrah Front as an Alias for al-Qa'ida in Iraq 

ANEXO
UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL
Department of Public Information • News and Media Division • New York [http://www.un.org/News/Press/docs/2013/sc11019.doc.htm] 
Security Council Al-Qaida Sanctions Committee Amends Entry of One Entity on Its Sanctions List 

ANEXO 3 
TRANSCRIPT OF STATE DEPARTMENT PRESS BRIEFING CONCERNING AL NUSRAH 
Senior Administration Officials on Terrorist Designations of the al-Nusrah Front as an Alias for al-Qaida in Iraq 
Special Briefing Senior Administration Officials 
Via Teleconference 
Washington, DC 
December 11, 2012 [http://www.state.gov/r/pa/prs/ps/2012/12/201797.htm]

Ver também: 
Deleted Daily Mail Online Article: “US Backed Plan for Chemical Weapon Attack in Syria to Be Blamed on Assad

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Fonte:
http://resistir.info/chossudovsky/verdade_proibida.html