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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Há o golpismo no DNA da mídia

27/04/2013 - O inconvertível DNA golpista da grande mídia
- das Malvinas à Goiás
- Palavras Diversas

Matéria de capa de Carta Capital traz a tona a rede criminosa de escutas ilegais, montada em benefício do governador de Goiás em exercício, o tucano Marconi Perillo.

Após escândalo que afastou os holofotes do verdadeiro governador do estado, Carlinhos Cachoeira, goianos continuam a mercê de um governo suspeito.

A pergunta é apenas retórica, mas precisa ser feita tantas e quantas vezes for necessário, para ver se algo de diferente ocorre:

Por que será que a imprensa hegemônica brasileira não se preocupa com determinados escândalos?

Por que será que Carlinhos Cachoeira permanece, tranquilo, em lua de mel, quem sabe prestes a frequentar as páginas de "Caras", e ninguém mais o importuna?

Aliás o contraventor goiano recebeu um "prêmio" da justiça do Rio de Janeiro.

Segundo noticiado, sem muito alarde, ignorado pela pauta do poderoso Jornal Nacional, sem direito a matéria de destaque, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) reduziu sua pena para 6 anos e 8 meses de reclusão, anteriormente teria que cumprir 8 anos de reclusão.

A imprensa brasileira anda ocupada demais com o preço do tomate, com as decisões do Copom sobre elevar ou não a taxa Selic, com a jogada política de Eduardo Campos, ou em oferecer generosos espaços midiáticos para os supremos do STF e suas divagações genéricas sobre tudo o quanto for possível arguir ou ser arguido.

Sendo mais claro: a procura de uma notícia que abale o governo Dilma e suas pretensões eleitorais para 2014 ocupa demasiadamente os figurões da grande imprensa.

O resto, daquilo que não for o que anseiam, parece noticiário sem importância...

Mas é preciso perguntar o óbvio para que mais questões surjam e cause algum, mínimo que seja, constrangimento aos barões da mídia brasileira.

Carta Capital, novamente, tenta furar o bloqueio que se forma em torno de determinados personagens brasileiros e apresenta uma matéria de Leandro Fortes sobre mais um mal feito praticado em favor do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB.

No site da revista semanal a chamada da matéria apresenta trecho de mais um ato criminoso cometido em favor do ex-sócio político de Cachoeira e amigo de Demóstenes Torres:

"... Por meio de dois jornalistas e dois integrantes do primeiro escalão da administração goiana, ele operou entre 2011 e 2012 – época em que Perillo foi investigado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal – uma rede ilegal de grampos telefônicos em favor do tucano.

O hacker tinha como missão invadir contas de adversários – e até aliados – do governador por meio de perfis falsos na internet.

O contato era feito por um casal de radialistas de Goiânia, Luiz Gama e Eni Aquino.

Os pagamentos, mostra a reportagem, tinham como fontes o jornalista José Luiz Bittencourt, ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação, e Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo e atual secretário de Articulação Política no estado.

O esquema é investigado pelo Ministério Público Federal."

O texto informa que o Ministério Público Federal investiga o caso. Roberto Gurgel, Procurador Geral da República, se empenhará com bravura e destemor neste caso?

Parece outra pergunta meramente retórica...

Demóstenes Torres não perdeu sua aposentadoria, graças a voto de Gurgel no Conselho Nacional do Ministério Público.

O Correio do Brasil noticiou fato que passou discretamente no painel de notícias da grande imprensa, vai ver é por que, nem o Procurador Geral da República ou o ex-senador do DEM, são aliados do governo...

"Por maioria simples, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, na tarde desta quarta-feira, que o ex-senador Demóstenes Torres [foto abaixo] – afastado do cargo de procurador de Justiça do MP de Goiás até o fim de maio – terá como pena máxima a aposentadoria compulsória.

Passará a receber R$ 22 mil por mês, em caráter vitalício, mesmo depois de ter o mandato cassado por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

(...) Ainda no julgamento desta quarta-feira [24/04], por sete votos a cinco, o Plenário decidiu que Demóstenes Torres tem cargo vitalício.

A vitaliciedade, entenderam os pares, é garantia da sociedade brasileira, e não prerrogativa do membro individual do Ministério Público.

Segundo a maioria, esta prerrogativa é inerente ao exercício da atividade do membro do Ministério Público.

Votaram com a divergência os conselheiros Jarbas Soares, Alessandro Tramujas, Lázaro Guimarães, Jeferson Coelho, Maria Ester, Mario Bonsalgia e Roberto Gurgel".

Outra matéria publicada em Carta Capital talvez explique porquê tais perguntas sejam solenemente ignoradas e nos mostrem, apesar de negativas veementes, o quanto o partidarismo é vigente nas redações da velha mídia brasileira e já fazem parte da cultura institucional.

A imagem abaixo saiu de um episódio histórico na América do Sul, a Guerra das Malvinas, e trata do empenho comovente de Alexandre Garcia em pintar os argentinos como únicos vilões no conflito e tornar legítima a postura bélica dos ingleses junto a opinião pública brasileira.

Faz muito tempo, mas a postura desses senhores que escrevem e opinam até os dias atuais, em veículos de comunicação que se apegam ao que há de mais atrasado para fazer valer suas idéias ou interesses, continua a mesma e coerente ao DNA golpista que carregam em si.

Recentemente, o Wikileaks revelou que Diogo Mainardi, Merval Pereira e William Waack [foto] prestaram assessoria à Embaixada Americana sobre as eleições presidenciais de 2010.

Em alguns trechos, conforme publicado em Conversa Afiada, é possível identificar o tipo de jornalismo que praticam: partidário, medíocre e combinado.

Além de nada criativo, se ocupam do ofício de manufaturar fatos e testar possibilidades que sirvam para locupletar seus pleitos.

"O telegrama “10RIODEJANEIRO32” relata que Ataulfo Merval de Paiva (foto) reuniu-se com o cônsul no dia 21 de janeiro de 2010 para falar sobre a conversa que teve com Aécio Neves e buscar seu compromisso para a campanha de Serra.

Os documentos revelam ainda a relação desses jornalistas com o PSDB, o que era óbvio pela (…) que realizam contra o governo do PT pela direita.

Diogo Mainardi [abaixo] reuniu-se em almoço privado no dia 12 de janeiro de 2010 com o cônsul dos EUA no Rio de Janeiro para (…) a formação da chapa da direita nas eleições presidenciais durante a qual revelou sua (…) ao PSDB.

O documento revela que a “recente coluna [de Mainard], na qual propõe o nome de Marina Silva como vice-presidente na chapa de Serra, foi baseada em conversa entre Serra e Mainardi, na qual Serra dissera que Marina Silva seria a ‘companheira de chapa de seus sonhos’ (…)."

"Naquela conversa com Mainardi, Serra expôs as mesmas vantagens que, depois, Mainardi listou em sua coluna: a história de vida de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda, que contrabalançariam a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres no Brasil, e poriam Dilma Rousseff (PT) em desvantagem na esquerda, ao mesmo tempo em que ajudariam Serra a superar o peso da associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso que Dilma espera usar como ponta de lança de ataque em sua campanha”.

De Alexandre Garcia [foto], e sua obediência aos interesses britânicos, até a mal sucedida consultoria do trio conservador, Merval, Waack e Mainardi, os contextos políticos mudaram nessas três décadas, tanto no Brasil quanto no planeta, mas aquilo que representam e praticam parece seguir um modelo histórico inconvertível, com grande afeição a desinformação e a manipulação dos fatos para alcançar proveitos, aqueles ditos inconfessáveis, que não podem ser admitidos em seus púlpitos midiáticos.

Será por essas e [tantas] outras que a imprensa hegemônica brasileira não se preocupa com determinados escândalos?

A Veja desta semana sai em socorro ao STF e seus aliados de toga e omite, descaradamente, novo escândalo envolvendo Perillo, que é amigo de Policarpo Jr., Demóstenes Torres e Cachoeira...

É o DNA golpista prontamente manifestado

Fonte:
http://www.diversaspalavras.com/2013/04/o-inconvertivel-dna-golpista-da-grande.html

Não deixe de ler:
- Fora Marin! - Rede Democrática
- BNDES financiará a democratização midiática - Cesar Fonseca
- Um 1º de Maio para expressar a liberdade - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

domingo, 6 de maio de 2012

CACHOEIRA, MUSAS, VEJA E AS USINAS

05/05/2012 - Laerte Braga
originalmente publicado no blog Juntos Somos Fortes


Carlos Cachoeira é um dos “cavalheiros” da Távola Redonda do capitalismo e daí?

O resto?


O próprio jornal O GLOBO – parte de qualquer esquema de corrupção que existir aqui e além mar – afirma que a Norberto Odebrecht deve “herdar” as obras da DELTA e isso seria um alívio” para todo mundo.

Todo mundo quem?


Como é que funciona esse trem de “herdar” obras, o que vai rolar por baixo dos panos na transação DELTA/Odebrecht?

A DELTA vai entregar as obras assim sem mais nem menos? Vai ser vendida, como vem sendo dito, ou essa venda é aquela conversa de “sujou para você, finge que sai para acalmar a turba e depois a gente volta com tudo, fique tranqüilo garantimos o seu?”.

Será que tem quem acredite que a Odebrecht usa esquemas diferentes dos usados por Cachoeira?

Não, claro que não usa.

A diferença é de padrão de qualidade na bandidagem. Só isso.

Eficiência no quesito corrupção.



O mesmo O GLOBO publica entrevista, edição de sábado, dia 5 de maio, com Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, em que a dita afirma ter sido convidada pela revista PLAYBOY para posar nua e recusou. Todas as CPMIs de maior impacto na opinião pública tiveram esse esquema posto em prática para desviar o foco do principal, a escolha da tal musa da CPMI.

Foi assim com a secretária de Marcus Valério, que depois virou candidata a deputada e perdeu. Se CPMI ou não, mas com a mesma dimensão, aquela que rifou um presidente da Câmara – Severino (?) - figura tão ridícula que nem dá para lembrar o sobrenome. Exigia propina dos concessionários de restaurantes na tal “representação popular.” A revista à época andou atrás da mulher do dono do restaurante e antes que ela dissesse não o marido deu o aval. Medo de perder a concessão.


Putz! O GLOBO está impossível com medo de cachoeiras maiores. 

Na coluna PANORAMA POLÍTICO, sábado, cinco de maio, está lá que o presidente nacional do PSDB e o líder do partido na Câmara, respectivamente o senador Sérgio Guerra e o deputado Bruno Araújo, pediram ao deputado Carlos Leréia de Goiás, que se licenciasse do partido por conta de suas ligações com Carlos Cachoeira.

Resposta do deputado:

Peraí. Deixa eu ver. Vocês querem se livrar de mim porque sou amigo do Cachoeira há trinta anos. E o deputado Eduardo Azeredo que é réu na Justiça? E o (senador) Cicero Lucena que foi preso? E vocês querem expulsar a mim?”.

O deputado Leréia poderia ter citado o ex-governador José Serra, o senador Aécio Neves, todos dois com “ligações” com Cachoeira.

Aécio se esqueceu que nasceu em Minas Gerais (alias, se solto na capital assim, no centro, só chega a um destino de táxi; do contrário não sabe onde está) e disse que nomeou a prima de Cachoeira para um determinado cargo em seu governo “pelas qualificações” da moça.

Essa história toda de Cachoeira tem conexão com o então governador de Brasília José Roberto Arruda, vem de lá também, um punhado de negócios de peso em Brasília, passa pelo Caixa 2 do PSDB e da campanha presidencial de José Serra (Cachoeira e os demais “cavalheiros” da Távola Redonda da corrupção do capitalismo), aporta na prefeitura de São Paulo, no governo do estado, em Minas nos desvarios de Aécio – o estado está falido e Anastasia foi festejar seu aniversário de 51 anos na Itália – se espraia pelo Rio de Janeiro de Sérgio Cabral e no fim de tudo o paladino da moral e dos bons costumes é Anthony Garotinho, bandido de quatro costados, isso em falar em Paulo Hartung, o dileto de Cachoeira no Espírito Santo.

VEJA fica fora a despeito das conversas gravadas – legalmente – que indicam as ligações da revista com Cachoeira através do seu diretor Policarpo Júnior. Matérias com denúncias inventadas para fortalecer o esquema do empresário. Pelo menos até agora os integrantes da CPMI não convocaram o dito cujo.

A capa da última edição começa a bombardear Cachoeira e Demóstenes. Ou um grande acordo por baixo dos panos, ou chumbo trocado não machuca, ou o poder de chantagem da revista sobre o empresário e o senador é maior do que um e outro supunham.

O que é mais provável, já que a mídia de mercado vem como um touro desembestado chifrando tudo que vê pela frente na defesa da intocabilidade de determinados bandidos, os próprios.

Essa é uma parte da história da semana. Há outra, tétrica. Ver aqui:

http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=64312


As denúncias sobre o uso de usinas de açúcar em Minas e no Rio para a queima de corpos de presos políticos durante o período da ditadura militar e a cândida declaração do coronel Brilhante “Pústula” que “nunca matei ninguém”, tentando desmentir a conversa que o delegado Sérgio Paranhos Fleury foi assassinado pelos próprios aliados, no interesse da segurança da repressão (complicado, mas é, segurança da repressão) e dos “negócios”, óbvio, já que a ditadura militar foi um movimento concebido em Washington e adjacências, com o fito – ainda existe essa palavra? – de manter intocados os “negócios”.

É difícil imaginar uma cachoeira sendo “queimada” numa usina de açúcar em Minas, ou no Rio de Janeiro. Os tempos são outros, a turma voltou para os porões e paira uma farsa democrática sobre o País. A despeito dos banqueiros, latifundiários, da FIESP/DASLU, das polícias militares, mas paira.

Os “negócios” não.
Esses são os mesmos.
A guerra entre os “negociantes” é canibalesca.
Terminado o festim, os ossos aos cães.


Vamos a um exemplo.
No Estado do Espírito Santo o engenheiro Lauro Koehler desenvolveu o projeto CAMINHOS DO CAMPO destinado a permitir a construção de estradas vicinais a um custo reduzido, beneficiando ponderável parcela da população do estado. Projeto liso, limpo e pronto. Por volta de 2005 o governador era Paulo Hartung e o secretário da Agricultura, o atual senador Ricardo Ferraço, PMDB, então PSDB (foi tesoureiro de campanha).


Senador Ricardo Ferraço

O projeto foi executado em algumas áreas do estado a partir da Secretaria da Agricultura e o custo era de 600 mil reais, então, para cada estrada se observado o projeto do engenheiro Koehler. Esse custo cobria cinco quilômetros. Segundo o senador e “tocador” do projeto a DELTA fez treze estradas ao custo de 33 milhões, logo dois milhões e trezentos mil por estrada. Quase quatro vezes mais o custo previsto no projeto CAMINHOS DO CAMPO. O golpe do material de segunda, custo mais baixo, propina mais larga, lucro maior. O engenheiro aqui citado não tem nada a ver com o secretario Ferraço, hoje senador, pelo menos “até prova em contrário”.

Várias outras foram executadas por empresas diversas e isso é realidade no País inteiro. Com um detalhe, o senador Ferraço é integrante da CPMI do Cachoeira. Como é que fica? Bandido apurando fatos criminosos de outro bandido, de um parceiro?

No duro mesmo todo esse rolo tem um nome só, capitalismo. O modelo da “competitividade”, da “eficiência” e vai por aí afora.


Os telejornais das tevês brasileiras não mostraram uma única imagem dos imensos protestos de primeiro de maio dos trabalhadores nos Estados Unidos e a retomada do movimento Occupy Wall Street.

Não dão tiro no pé, como agora a mídia de mercado como um todo, no caso Carlos Cachoeira.

O azar de Cachoeira é não ter sangue azul como Odebrecht, ou Andrade Gutierrez, ou Queiroz Galvão. Vai sair chamuscado, pegar um tempo de cadeia (se não aparecer nenhum Gilmar Mendes no meio do caminho), mas garantir uma aposentadoria tranquila e quem sabe uma volta aos “negócios” por baixo dos panos?

A usina em qualquer versão, cinemascope ou preto e branco, é sempre o capitalismo. O que varia é a forma da barbárie.

Uns são animalescos, caso de Brilhante "Pústula", outros se assentam civilizadamente à volta de u’a mesa redonda.

Não são nem cavaleiros e nem “cavalheiros”.


Artigo semanal para o Juntos somos Fortes, editado pela Rede castorphoto, postado pelo autor

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Caso Cachoeira põe à prova corporativismo da imprensa

02/05/2012 - Marcelo Semer em seu blog no Portal Terra


Se 2011 foi o ano em que se expuseram as vísceras do corporativismo no Judiciário, 2012 pode ser o ano da imprensa.


Liminares que obstruíram apurações, limitação das competências do CNJ, verbas recebidas de forma irregular por desembargadores.


Poucos assuntos renderam tanto nas manchetes dos jornais e revistas como os desvios da Justiça no ano que passou.


2012 começou, no entanto, com a destruição de um dos mitos mais cultuados pela própria imprensa em defesa da moralidade, o senador Demóstenes Torres.

Demóstenes foi flagrado em um sem-número de conversas telefônicas prestando serviços e recebendo presentes de um expoente da contravenção.


Mas as conversas gravadas, além de insinuar conluio de políticos e empresários, o que infelizmente não é nenhuma novidade, dessa vez também descortinaram uma outra particularidade: a aproximação do crime organizado com jornalistas para influir e auxiliar na produção de reportagens contra políticos, autoridades e seus concorrentes em geral.

A profusão de indícios das malversações de Carlinhos Cachoeira já provocou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que parece ser desejada e ao mesmo tempo temida por governo e oposição.

Mas a pergunta principal é saber como a grande imprensa vai se portar em relação à exposição de suas próprias mazelas.

Em questão, a dimensão ética do que se acostumou a chamar de jornalismo investigativo e os percalços que envolvem os interesses que geraram algumas destas “reportagens-bombas”.

Pelo que já se divulgou, um jornalista teria sido, inclusive, um dos interlocutores mais frequentes do Poderoso Chefão goiano. E várias conversas entre Cachoeira e seus assessores versavam justamente sobre elaboração de matérias que alavancavam seus interesses, ao prejudicar desafetos.

O assunto já é um dos trending topics das redes sociais, mas praticamente não é tratado pela grande mídia.

O momento é precoce para qualquer julgamento.

Conversas telefônicas, fruto de interceptações judicialmente autorizadas, jamais deveriam se tornar públicas, pois estão sempre abrangidas pelo sigilo de justiça.

O propalado “interesse público” faz tempo tem servido de álibi para a imprensa, que estimula o vazamento por servidores que permanecerão ocultos em razão da garantia de sigilo da fonte.

Mas e quando estas conversas que não deveríamos estar ouvindo trouxerem revelações sobre o modus operandi de alguns órgãos da imprensa?

Serão eles mesmos os juízes da divulgação de seus erros? Estarão aptos para o ritual de cortar na própria carne ou esse “interesse público” também servirá de justificativa para todo e qualquer desvio de conduta?

Que Elianas Calmons da imprensa se apresentarão para impedir que o corporativismo oculte os interesses privados que existem por detrás de grandes denúncias ou a forma ilícita com que foram obtidas?

Poucos atributos são tão indispensáveis à democracia quanto a liberdade de expressão.


Mas o recente episódio dos jornais de Rudolph Murdoch na Inglaterra mostrou que sem limites éticos, o vale-tudo da imprensa para obter informações ou destruir reputações, pode ser tão violador quanto os direitos que se propõe a defender.

Mais do blogueiro no Twitter @marcelo_semer e no Sem Juízo

sábado, 14 de abril de 2012

O contador e as fitas que estão por aí

13 de abril de 2012 às 14:12 - Amedrontar e circunscrever [título original do post]
por Luiz Carlos Azenha - Blog Viomundo

A Globo pediu acesso a todos os documentos da Operação Monte Carlo, que resultaram num processo que corre em segredo de Justiça, no STF. A Carta Maior também pediu. O acesso foi negado a ambos.

Demóstenes Torres, como parte envolvida, teve acesso.


Curiosamente, por pura coincidência, depois que isso aconteceu sobrou para Protógenes Queiroz, Agnelo Queiroz e a construtura Delta — a construtora do PAC, grita O Globo –, que também seria a favorita de Sergio Cabral.

O objetivo que precede a CPI é jogar a rede o mais amplamente possível, suscitar medos e, ainda que não impeça a Comissão, domá-la desde o início.

Al Capone não faria melhor.


Faz sentido a notícia de que a tática dos acusados seria a de não falar absolutamente nada durante os depoimentos, deixando a bomba explodir no colo dos políticos e agentes públicos convocados.

Não digo que a tática vá funcionar, mas que faz sentido divulgar a suposta tática agora, colocando minhoca na cabeça dos deputados e senadores antes que eles criem a CPI.

Mas será que eu assino esta CPI, que pode se voltar contra quem a criou?

O movimento inclui jogar Lula — que apóia a CPI — contra Dilma que, segundo a Folha de S. Paulo, teme a investigação.

Mas, será que teme mesmo?

O movimento inclui dizer que o PT pretende usar politicamente a CPI para cercear a liberdade de imprensa.


Compreendam: a mídia corporativa tem muito a perder com a CPI do Cachoeira. Pela primeira vez na história da República, o grande público terá acesso aos métodos aplicados em nome do “jornalismo investigativo” e à relação entre arapongas e redações. São estes métodos que garantem à mídia ascendência sobre políticos e agentes públicos e, portanto, atendimento a importantes interesses econômicos. Ou vocês acreditam que os tucanos alimentam a mídia paulista por achá-la boazinha?


Além disso, as capas bomba da revista Veja eram repercutidas automaticamente, sem qualquer questionamento. A bola rolava na revista, era impulsionada pelo JN de sábado e ganhava as páginas de O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo já no domingo. A ordem era repercutir, repercutir, repercutir. Se possível, com novos ângulos e novas investigações. O mar de lama, curiosamente, só banhava uma praia.

Não foi por acaso que nada menos que quatro senadores se negaram a relatar as acusações contra Demóstenes Torres no Conselho de Ética do Senado, Lobão Filho (PMDB-MA), Ciro Nogueira (PP-PI), Gim Argello (PTB-DF) e Renan Calheiros (PMDB-AL). O que Demóstenes teria guardado contra eles?

Sobrou para o ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT-PE).

Costa, lembrem-se, foi acusado de envolvimento com a máfia dos sanguessugas, que atuou no Ministério da Saúde desde “o governo anterior”, como em priscas eras o JN se referia ao governo de FHC. Em 2006, na semana que antecedia o primeiro turno das eleições, o Jornal Nacional noticiou com destaque o indiciamento dele — que era candidato a governador de Pernambuco — no inquérito, ao lado do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Mas a lista de indiciados era muito mais longa e incluía gente próxima do ex-ministro José Serra, como Platão Fischer-Pühler — Serra concorria ao governo paulista. A lista completa dos indiciados, disse Fátima Bernardes naquela ocasião, você vê no site do Jornal Nacional.

Posteriormente, Costa foi inocentado de todas as acusações. Mas, em 2006, nem chegou ao segundo turno.

Se a CPI sair — só acredito vendo –, vai nascer amedrontada.


Tem muita gente com muito a perder. Ou será que teremos um acordão no fim-de-semana? É esperar e ver…


PS do Viomundo: Fonte bem informada, que nunca nos decepcionou, diz que o homem-chave continua foragido, o contador de Carlinhos Cachoeira, Giovani Pereira da Silva. Giovani, diz a fonte, guardava num cofre as fitas produzidas pela arapongagem a serviço de Cachoeira. Nos próximos dias podem vazar fitas, que serão atribuídas ao inquérito mas na verdade são do arquivo de Cachoeira. A própria fonte, no entanto, disse que às vezes é impossível discernir quem está a serviço de quem, no submundo de Brasília. Há, segundo ele, brincando, “agentes duplos, triplos e quadrúpedes”.


segunda-feira, 2 de abril de 2012

O CACHOEIRA É CACHOEIRINHA

segunda-feira, 2 de abril de 2012 - Laerte Braga
Original no blog Juntos Somos fortes

A corrupção no Brasil é conseqüência do sistema político e econômico. A expressão “desprivatizar o Estado” foi usada, pelo menos eu a ouvi pela primeira vez, na campanha de 1989. E da boca de Roberto Freire, hoje um dos principais aliados da privataria tucana. Foi em resposta a uma pergunta numa palestra sobre os propósitos anunciados por Collor de Mello, ambos eram candidatos a presidente, de privatizar setores essenciais da economia.

Collor chamava isso de “modernizar o Estado”. Como não deu certo chamaram FHC.

Quem?
Os principais acionistas do Estado brasileiro. Banqueiros, grandes corporações nacionais e internacionais e latifúndio.

Quando a REDE GLOBO através do FANTÁSTICO denunciou uma série de contratos fraudulentos de terceirização de serviços públicos e colocou-se como paladina da moral e dos bons costumes, estava, na prática, denunciando bagrinhos que despencavam nessas várias cachoeiras da corrupção.

Se quisesse mesmo denunciar corrupção de alto coturno teria pego empresas como a QUEIROZ GALVÃO, a NORBERTO ODEBRECHT, a ANDRADE GUTIERREZ, os grandes bancos que operam no País, as companhias que foram agraciadas com os serviços de telefonia e energia no governo de FHC e todo o entorno da PETROBRAS que FHC conseguiu colocar em mãos de companhias estrangeiras, descaracterizando a empresa brasileira.

Ou toda a malha de máfias que opera os serviços públicos privatizados ou terceirizados e ainda os que executam obras públicas sob contrato.

Não o fez e nem o fará, existe concorrência entre essas máfias e a GLOBO é parte delas.

O mesmo vale para VEJA, hoje caracterizada como revista de uma banda do crime organizado.


Carlinhos Cachoeira é uma queda de pequeno porte diante das grandes quadrilhas financeiras e empresariais e Demóstenes Torres um anão perto de FHC, José Serra, Pedro Malan, Geraldo Alckimin, Aécio Neves, Daniel Dantas, Nagi Nahas, etc. Um fio d’água nesse processo.

Capitalismo e corrupção são inseparáveis. Um é parte intrínseca do outro.

Quando o então delegado Protógenes Queiroz chegou perto da cúpula dessas máfias, a prisão de Daniel Dantas, a reação foi imediata e fulminante. Gilmar Mendes, à época presidente do Supremo Tribunal Federal – STF – concedeu dois habeas corpus em menos de duas horas, a Operação Satiagraha foi desqualificada e Protógenes jogado no inferno da execração pública por supostas irregularidades na investigação. Ele, o juiz e o procurador que participaram da Operação.

Para tirar o foco da repercussão negativa dos habeas corpus, num espaço ínfimo de tempo arranjaram uma gravação de conversa entre o senador Demóstenes Torres e o ministro Gilmar Mendes, virou capa de VEJA e a acusação estrondosa – o gabinete de Gilmar Mendes estava sendo alvo de escutas ilegais por parte da ABIN. Lula não comprou a briga, como de fato não comprou nenhuma briga grande em seu governo, contornou os momentos difíceis – afinal é um clube de amigos e inimigos cordiais – e afastou o diretor da ABIN.

Mataram o assunto, esvaziaram a Satiagraha, recolocaram a “reputação” de Gilmar Mendes no seu lugar (um lugar complicado), mas essencial dentro do clube.

A maior parte, esmagadora, de deputados e senadores faz suas campanhas com doações de bancos, empresas e latifundiários. É uma forma de ver o problema dos financiamentos de campanhas eleitorais. No duro mesmo a esmagadora maioria dos deputados, senadores, governadores, prefeitos, deputados estaduais, etc, etc, é resultado de ajustes entre os principais acionistas do Estado. Compram, é simples.

Demóstenes Torres é um dos que integram o grupo de faz tudo. Fac totum. Opera para bancos, para empreiteiras, como opera para Carlinhos Cachoeira.

Desde as grandes quedas d’água como a QUEIROZ GALVÃO, os bancos, etc, como as pequenas, aquelas denunciadas pela GLOBO no FANTÁSTICO.

Há uma regra básica nas máfias. Se alguém cai as “famílias” cuidam das famílias do que caiu, mas esse vai para o brejo sozinho, pois se abrir a boca acorda no fundo de uma cachoeira preso a um bloco de concreto.

Demóstenes sabe disso. Não vai colocar em risco uma aposentadoria tranqüila. O argumento de seu advogado, segundo o qual as escutas eram ilegais, pois como senador tem foro privilegiado são ridículas. Carlinhos Cachoeira era o alvo das investigações, Demóstenes foi um peixe pego em meio a queda do fio d’água. No momento da denúncia basta ao procurador denunciá-lo ao STF e pronto. Não há como excluir essas escutas, essas gravações.

Qualquer governo que se disponha a governar segundo as regras do jogo acaba dentro dessa armadilha. Bancada evangélica, bancada ruralista, quadrilhas específicas que atuam no Congresso Nacional ao lado de figuras como Demóstenes, Stephan Nercessian, Roberto Freire, ACM Neto e por conta disso acaba desfigurado em seus propósitos como aconteceu com o governo Lula e acontece com o governo Dilma.

Refém de figuras como Michel Temer por exemplo.

Sob constante ameaça de escândalos fabricados pela mídia de mercado.

Verdadeiros ou não.

Um exemplo?

A GLOBO sabe que o sogro de Sérgio Cabral é o “dono” do negócio de transportes coletivos em boa parte dos municípios do estado do Rio, quer colocar as mãos no bonde de Santa Teresa e transformá-lo em privilégio para turistas, mas não denuncia.

O que há é guerra de quadrilhas, ou ajuste da placas tectônicas das máfias que operam e controlam o Estado como instituição em suas três dimensões (nacional, estaduais e municipais), situação que se repete historicamente desde a primeira quadrilha de banqueiros, ou grandes empresários, ou latifundiários, na história da humanidade.

Num dado momento alguém vai para o sacrifício. É preciso mostrar ao povo que “estão atentos” na vigilância da coisa pública.

Não é nem o caso da Polícia Federal nessa situação de Carlinhos Cachoeira. No duro mesmo entra de gaiato nessa conversa toda. No tempo de FHC nem se movia diante de verdadeiras monstruosidades no processo de privatizações.

Carlinhos Cachoeira, bandido sim, vai pagar o pato até um determinado ponto. Demóstenes Torres idem ibidem e o rio volta a correr normalmente até o momento em que vira a grande cachoeira de banqueiros, empreiteiros, latifundiários, as grandes corporações multinacionais que controlam o Brasil, o de sempre.

A questão é de modelo político e sistema econômico. O capitalismo não leva a lugar nenhum diferente disso que estamos vendo. A ênfase que a mídia de mercado coloca nas denúncias faz parte do espetáculo, do show para manter inerte e ludibriada a esmagadora maioria dos brasileiros.

Eike Batista, outro exemplo. Vira modelo de empreendedor, de gerador de progresso, etc, mas salva o seu, afunda suas empresas com o dinheiro do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – e vende tudo para um fundo de Abu Dhabi.

E o Brasil e os brasileiros vamos para as cucuias.

Ao lado as privatizações do governo FHC, um dos maiores crimes que se cometeu contra o País foi o acordo de livre comércio entre o Brasil e Israel, no governo Lula. Grupos econômicos sionistas começaram a comprar o País de forma voraz e o que chamam de potência emergente, aquela que surge no cenário como protagonista, é apenas potência de ocasião, ou seja, no tempo certo, a critério dos donos, vira entreposto.

Estão infiltrados em setores chaves do Estado.


Por trás do fio d’água Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres, o governador Marcondes Perillo, de Goiás (que retirou de circulação a revista CARTA CAPITAL em seu estado por revelar suas ligações com Cachoeira), existe uma corja muito maior.

Está aboletada no Estado, controla o mundo institucional e nenhuma eleição vai resolver esse tipo de problema.

A luta é nas ruas até porque nem somos mais o ponto nevrálgico da América Latina, como dizia Nixon e sempre imaginaram os norte-americanos. Somos agora parte da Grande Colômbia.

E isso tudo com governo petista. Imagine se fosse tucano.