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segunda-feira, 3 de março de 2014

A luta é com palavras..., como sempre foi

21/02/2014 - Ucrânia e Venezuela: lutar com palavras
- por Rodrigo Vianna - Escrevinhador

Lutar com palavras é a luta mais vã. No entanto lutamos, mal rompe a manhã.” (Drummond)

Não se trata de poesia. Mas de política.

A edição da “Folha” desta sexta-feira [21 fev] é mais uma demonstração de que a batalha nas ruas de Kiev ou Caracas não é feita só de coquetéis molotov, bombas e fuzis.

A batalha se dá na mídia, na TV, na internet, nas páginas envelhecidas dos jornais. São Paulo, Caracas, Kiev, Moscou e Washington. A batalha é uma só.

Reparemos bem.

Ao lado, temos a primeira página do jornal conservador paulistano – o mesmo que apoiou o golpe de 64 e emprestou seus carros para transporte de presos durante a ditadura militar.

Na capa da “Folha”, ucranianos escalam uma montanha de entulho no centro de Kiev, e a legenda avisa:

Manifestantes antigoverno usam pneus e entulho para montar barricadas…”

Logo abaixo, uma chamada sobre reintegração de posse em São Paulo:

Em SP, invasores destroem imóveis do Minha Casa”. Numa página interna, o jornal informa que esse “invasores resistiram e, até a noite, praticavam atos de vandalismo”. (página C-1)

Ucranianos não praticam “vandalismo”. São tratados de forma heroica.

Ainda que se saiba que parte dos manifestantes em Kiev tem um discurso racista, próximo do nazismo [foto].

Brasileiros são “vândalos”. Ucranianos são “manifestantes”.

Mas sigamos adiante.

Nas páginas internas, a “Folha” traz vários textos do enviado especial a Kiev. 

Num deles, o repórter mostra uma pequena fábrica para produção de coquetéis Molotov, dentro do Metrô de Kiev.

O cidadão que produz as bombas é descrito assim: 

Sem afiliação a partidos ou uma proposta ideológica clara, o cidadão diz ter sido atraído pela praça e pelas manifestações a partir da ideia de que é necessário mudar o sistema político na Ucrânia.” 

Mudar o sistema político. Hum. Não fica claro se o cidadão quer uma ditadura.

A Ucrânia não é uma democracia? O governo não foi eleito pela maioria? 

Hum… “Sem afiliação a partidos” – essa parece ser a chave para legitimar tudo nos dias que correm. A CIA, os EUA, a CNN, a Folha não tem filiação a partidos. Não. Nem o nobre manifestante de Kiev.

Ao lado da reportagem sobre os molotov, um texto opinativo assinado por Igor Gielow (sobrenome “eslavo”, muito bom! Isso dá credibilidade ao comentário). [foto]

Basicamente, Gielow diz que a crise na Ucrânia é “reflexo da estratégia de Putin para a região”.

Ele não está errado. Pena que esqueça de contar uma parte da história.

O importante não é o que eu publico, mas o que deixo de publicar”, dizia Roberto Marinho.

Gielow e a “Folha” ensinam: Putin [foto abaixo] é um líder malvado, que pretende manter na Ucrânia “a esfera de poder dos tempos imperiais e soviéticos”.

Aprendam: só a Rússia tem interesses imperiais na Ucrânia.

Do outro lado, há cidadãos sem afiliação partidária, lutando contra um insano governo pró-Moscou.

Os EUA e a Europa não têm interesses na Ucrânia. Só Putin. A culpa é dos russos.

Na “Folha” luta-se com as palavras muito antes da manhã começar. Luta-se com as palavras em Kiev, em São Paulo, Moscou. Washington fica invisível. E toda a estratégia passa por aí.

O poder imperial só existe por parte da Rússia. Washington não tem qualquer projeto imperial: nem na Ucrânia, nem na Síria, nem tampouco na América Latina…

Falando nisso, a cobertura sobre a Venezuela é também grandiosa no diário da família Frias.

Declarações de Maduro aparecem entre aspas. Velho truque jornalistico para desqualificar, colocar no gueto da suspeição, qualquer fala dos chavistas.

Segundo a Folha, o governo de Maduro afirma que o movimento (golpista? Isso a Folha não diz) é uma armação de “forças de ultradireita da Venezuela e de Miami”.

No texto original a expressão está assim, entre aspas. Por que? Para dar a impressão de que Maduro é um lunático, e que não há forças de ultradireita lutando nas ruas. Não. Há só “estudantes” e “manifestantes” (e agora sou eu que coloco entre aspas).

A legenda da foto ao lado (também publicada pelo jornal conservador paulistano) diz:

Estudantes queimam lixo em atos contra Nicolás Maduro”. 

Primeiro, como se sabe que o sujeito é um “estudante”

Depois, reparem que queimar lixo na Venezuela é “ato contra Maduro“. 

Queimar prédios em desapropriação, em São Paulo, vira “vandalismo”.

Em Caracas não há “vândalos”.

Ao lado da foto, um texto assinado por repórter (que está em São Paulo!!!) narra roubo de equipamento da CNN em Caracas: “o ataque à CNN se assemelha a inúmeros relatos de motociclistas intimidando manifestantes, com tolerância e até respaldo das forças de segurança do governo”.

O roubo ocorreu em manifestação da oposição. Mas o roubo certamente é coisa dos chavistas. Claro.

Nem é preciso ir até Caracas pra saber (registro a bem da verdade factual que o repórter - a quem conheço, ótima pessoa – foi correspondente em Caracas).

No mesmo texto (assinado, de São Paulo) os grupos que defendem o governo são chamados de “milícias”. Ok.

Já estive em Caracas cinco ou seis vezes. E há grupos chavistas que se assemelham mesmo a milícias. Mas do lado da oposição há o que? Não há milícias? A turma de Leopoldo, que deu golpe em 2002, é formada por cidadãos inocentes. E só.

Quem lê a “Folha” aprende que, em Caracas, há de um lado “milícias chavistas”. De outro, só “estudantes” e “manifestantes”. 

 Não há neutralidade no uso das palavras. Nunca houve. Nunca haverá.

E quanto mais agudas as crises, mais isso fica claro. Há escolhas. A “Folha” faz as suas. A CNN, a Telesur, a VTV – ou esse blogueiro. A diferença é que uns assumem que têm lado. Outros fingem que estão “a serviço do Brasil”.  

Lutemos, com as palavras. Não há saída. O outro lado luta todos os dias, todas horas.

“Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate” (Drummond)

Fonte:
http://www.rodrigovianna.com.br/vasto-mundo/ucrania-e-venezuela-lutar-com-palavras.html

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Os EUA e o ópio do Afganistão

30/01/2014 - Sobre as drogas dos “Pacificadores”
- Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu para a Redecastorphoto

Militar dos EUA-OTAN patrulha uma plantação de papoula (ópio) no Afeganistão

Pelo 3º ano consecutivo, o Afeganistão ocupado pela OTAN cultivou número recorde de papoulas do tipo que produz ópio.

Segundo relatório do Gabinete da ONU para Drogas e Crimes [orig. United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC)], em 2013 as culturas de papoula de ópio no Afeganistão ocuparam a maior superfície de terra, ultrapassando todos os registros anteriores.

Apesar das condições climatológicas desfavoráveis, sobretudo em áreas no oeste e no sul do país, as plantações para produção de ópio ocupavam um total de mais de 209 mil hectares, 36% a mais que no ano anterior.

Taxa de crescimento das plantações de papoula-ópio.

Tabela 1. Em duas décadas, segundo o relatório.

Tabela 2. Comparação (em %), de 2012 e 2013.

Oficialmente, o cultivo da papoula-ópio – principal componente para a produção de heroína – é proibido por lei no Afeganistão, embora o número de províncias nas quais a planta está sendo cultivada não pare de crescer.

A produção de ópio alcançou a marca de 5.500 toneladas, mostrando crescimento de 49% em comparação com 2012.

Militares da OTAN e plantadores de papoula (ópio) no Afeganistão

A propaganda ocidental culpa os Talibã pela produção de ópio, ou representantes do regime, que estariam imersos no tráfico de drogas. Mas essas alegações não se confirmam, se se observa o que está realmente acontecendo.

O comando da OTAN diz que os Talibã

"(...) opunham-se inicialmente às drogas, mas agora ou cultivam eles próprios, ou criam “impostos” sobre as colheitas das fazendas produtoras."

Mas os comandantes dos Talibã têm repetido, com insistência, que os mujahideen afegãos estão em luta de jihad contra as forças de ocupação; e que o Islã proíbe estritamente tanto o consumo de álcool quanto de drogas.

E deve-se dizer que, sim, os islamistas fanáticos seguem essa regra ao pé da letra.

Quanto aos fantoches do ocidente, como Hamid Karzai [foto] e os que o cercam, aí, sim, há provas mais do que suficientes de envolvimento deles na produção e no comércio de drogas.

Em outubro de 2013, eclodiu um escândalo em Kabul quando, durante inspeções no Afeganistão, descobriu-se que 65 altos funcionários da inteligência afegã eram dependentes de heroína.

Alguns anos antes, se soubera que a CIA financiava Ahmed Wali Karzai, irmão mais moço do presidente Hamid Karzai [foto acima], o qual era conhecido, já há mais de oito anos, como um dos principais traficantes de ópio na região.

Nikolai  Malishevski
Pesquisadores norte-americanos insistem que o tráfico de ópio nos EUA está sendo controlado por redes e cartéis que foram descobertos durante o caso “Irã-Contras” e que não suspenderam suas atividades desde os anos 1980s:

"O pilar do regime de Karzai é o apoio que recebe do tráfico de drogas, e, para nós, esse pilar é intocável.

Os EUA convertemos o Afeganistão no maior fornecedor mundial de heroína.

E isso aconteceu sob o comando da CIA – observam aqueles pesquisadores."

Segundo informação recolhida de vários jornais de grande circulação (The Daily Mail, The New York Times, Pakistan Dail etc.), os principais fornecedores de heroína para o mercado global seriam:

- Izzatullah Wasifi, governador da província Farah; presidente da Administração Geral Afegã Independente contra a Corrupção, cujas atribuições incluem o combate ao cultivo de papoulas e à produção de ópio, e amigo de infância de Hamid Karzai; e que foi preso por autoridades dos EUA, em julho de 1987, por tráfico de heroína de alto grau (!);

- Jamil Karzai, presidente do Partido Nacional da Juventude Solidária do Afeganistão [orig. National Youth Solidarity Party of Afghanistan], membro do Conselho Nacional Afegão de Segurança e sobrinho de Hamid Karzai, que manteria relações de negócios com Haji Mohammad Osman, proprietário de um laboratório de produção de drogas no distrito de Achin, na província de Nangarhar (na pequena região do Damgal);

- Abdul Qayum Karzai, membro da Câmara Baixa da Assembléia Nacional Afegã, ex-empregado da Unocal, empresa norte-americana, e irmão de Hamid Karzai, e que seria o grande barão da droga em Kandahar;

- Shah Wali Karzai, irmão de Hamid Karzai, proprietários de campos de plantação de papoulas nas províncias de Kandahar, Nangarhar, Urozgan, Zabul, Paktia, Paktika e Helmand; e dúzias de autoridades do Executivo e do Judiciário afegãos, além de funcionários do Ministério de Relações Interiores do Afeganistão. 

Família Karzai em foto sem data
Em pé: Shah Wali Karzai, Ahmed Wali Karzai, Hamid Karzai, atual presidente, e Abdul Wali Karzai.
Sentados: Abdul Ahmad Karzai, Qayum Karzai; Abdul Ahad Karzai, o patriarca, e Mahmoud Karzai.

Se se acredita na imprensa-empresa ocidental, os responsáveis pelos crimes de produção e tráfico são fantoches do ocidente, como a família Karzai [foto acima] e seu círculo, aos quais a mesma imprensa-empresa ocidental culpa pelo rápido crescimento do número de dependentes de heroína em todo o mundo.

Áreas de cultivo de papoula (ópio/heroína) no Afeganistão em 2012

Mas a verdade é que só 20% das papoulas-ópio são cultivadas nos distritos do norte e do centro do Afeganistão, que são as regiões controladas pelo governo Karzai.

Todo o resto da produção desse veneno tão lucrativo vem das províncias do sul, da fronteira com o Paquistão – áreas controladas pelas forças da OTAN.

O principal centro de produção de drogas é a província de Helmand, que está sob comando de forças do exército britânico.

Em vez de ajudar os agricultores afegãos a mudar-se para colheitas alternativas, os “pacificadores” limitam-se exclusivamente a discutir por que a produção só aumenta; e, segundo provas recolhidas de fontes locais e internacionais, os “pacificadores” também participam ativamente do “negócio” [foto: Karzai e Obama].

Alguns analistas estão atribuindo essa “participação” ao fato de que os EUA tentam por todos os meios evitar um conflito potencial contra os barões da droga, cujo apoio político é importante para a existência do governo Karzai.

Mas o que se vê, de fato, é que os EUA estão ignorando deliberadamente o elo que há entre o tráfico de drogas, a crescente instabilidade no Afeganistão e o crescimento de atividade terrorista na região.

Dito de forma simples: se os EUA estão garantindo aos barões da droga toda a liberdade de que precisam para manter o “negócio” (em troca de apoio político ao governo de Karzai), os EUA estão, de fato, trabalhando contra os próprios objetivos pelos quais invadiram o Afeganistão: garantir paz e segurança ao país.

Especialistas ocidentais como Thomas Ruttig [foto], co-diretor do centro de pesquisa independente Afghanistan Analysts Network, observa que:

"(...) com a próxima retirada das forças da OTAN do Afeganistão, diminuiu muito a pressão, pelas autoridades, contra os plantadores de papoula-ópio.

O relatório divulgado pela ONU diz, dentre outras coisas, que em 2013 as autoridades destruíram 24% de pés de papoula-ópio a menos, que antes."

Resultado: o Afeganistão está-se afirmando, consistentemente, como o maior fabricante de ópio do mundo, produzindo mais de 90% de tudo que o mundo produziu em 2013.

Há três anos, os mesmos analistas da ONU observaram que as papoulas estavam sendo cultivadas em apenas 14, das 34 regiões do país; no início de 2014, esse número já subiu para 20.

Enormes plantações reapareceram em províncias do norte do Afeganistão, como Balkh e Faryab, nas quais a papoula-ópio havia sido declarada erradicada.

Essas províncias afegãs são vizinhas de dois países da Commonwealth of Independent States (CIS, organização que reúne 11 repúblicas ex-soviéticas, inclusive a Rússia) – o Uzbequistão e o Turcomenistão.

Simultaneamente, se observa que está em andamento um processo para militarizar os grupos internacionais de drogas concentrados na região.

Viktor Ivanov [foto], chefe do Serviço Federal de Controle das Drogas da Federação Russa [orig. Federal Drug Control Service of the Russian Federation (FSKN)], diz:

"Já se vê que estão surgindo grupos armados que, vários deles, são ramificações dos cartéis de drogas no norte do Afeganistão. Esses grupos têm suas próprias unidades de combate (...)

No Afeganistão, já está em andamento a rápida militarização de grupos ligados ao tráfico. De modo geral, são bem armados.

Têm armas leves, armamento portátil, granadas e lança-granadas, e usam regularmente essas armas. O orçamento de grupos ligados aos tráfico como esses é de cerca de 18 bilhões de dólares norte-americanos.

É dinheiro que obtêm da produção da droga, e motivo pelo qual esses grupos converteram-se em fator importante em tudo que tenha a ver com a situação política, econômica e criminal dentro dos estados da Ásia Central."

Já há muitos anos, os EUA vêm usando o tráfico de drogas para manter sua Guerra Fria contra os estados pós-soviéticos, porque consideram que a droga seria elemento eficiente para minar o potencial humano dos exércitos adversários naquelas áreas.

Às vésperas de se retirarem do Afeganistão, as forças de ocupação da OTAN tratam de reforçar a produção de papoulas-ópio, por todos os meios possíveis. 

Assim, contam com empurrar o conflito para confrontos cada vez mais violentos, usando grupos armados das máfias da droga, que se concentram ao longo da fronteira sul da ex-URSS.

Por isso, lá circulam hoje tantas armas e tantos grupos armados mantidos pelo tráfico, mas que se ocultam por trás de “bandeiras” islamistas e de slogans “jihadistas”.

Fonte:
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/01/sobre-as-drogas-dos-pacificadores.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+redecastorphoto+(redecastorphoto)

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

De espionagem e arapongas

24/09/2013 - Mário Augusto Jakobskind - Direto da Redação

A recente espionagem feita pelos serviços de inteligência estadunidense no Brasil e na América Latina, reveladas graças, entre outros, a figuras como Edward Snowden, Julien Assange e Gleen Greenwald, não chegam a se constituir em fato novo propriamente dito.

O que mudou apenas foi a tecnologia utilizada.

Em décadas anteriores, arapongas da CIA e maus brasileiros que ajudavam no serviço faziam o jogo.

Muitos dos apoiadores de então, ou já estão ardendo no inferno ou, impunes, aproveitando a aposentadoria pelos serviços prestados como mercenários.

Um ou outro segue até ocupando espaços midiáticos com a mesma linguagem de ódio da época da Guerra Fria. Tem alguns residindo próximo da área onde se localiza a sede da CIA, em Richmond, na Virgínia.

Na história contemporânea são vários os países que sofreram com  a ação da CIA, entre os quais o Irã, em 1953, com a derrubada do nacionalista Mohammed Mossadegh, que ficou em prisão domiciliar para o resto da vida.

O líder iraniano é lembrado em livros de história e com a revelação dos documentos da época confirmou-se a intervenção da CIA, do serviço secreto inglês e israelense no golpe de estado.

Uma figura importante daquela época, embora não tão conhecida como Mossadegh é a do então Ministro dos Negócios Estrangeiros daquele governo, o jornalista Hossein Fatimi [foto], um dos idealizadores do projeto de nacionalização do petróleo iraniano.

Ele foi fuzilado por ordem do preposto dos EUA, o Xá Rheza Parlevi, que ainda chegou a manter relações amistosas com alguns ditadores brasileiros, como Castelo Branco, Costa e Silva e Médici, que, hoje já se sabe oficialmente com os arquivos revelados, tomaram o poder com a ajuda da CIA.

O Brasil não esteve de fora das artimanhas da CIA, presentes em 1954 com seus arapongas e mercenários que levaram Getúlio Vargas ao suicídio. Hoje se sabe também que depois da negativa de Vargas em mandar tropas brasileiras para lutar na Coreia em ajuda aos EUA, somado à criação da Petrobras, os quinta-colunas destas bandas intensificaram ações de desestabilização do governo eleito pelo povo.

O golpe de abril de 1964, que provocou a ruptura constitucional e lançou o Brasil em uma longa noite escura, só foi possível acontecer com o respaldo logístico e financeiro da CIA.

Quase 50 anos depois, as informações sobre esse período nefasto são maiores do que as de 1954. É possível até que os pesquisadores não se debruçaram tanto para certificar muitas ocorrências até hoje não totalmente esclarecidas. 

Nem tudo, entretanto, ainda foi revelado.

Recentemente, por exemplo, o jornalista Continentino Porto [foto], autor do livro JK segundo a CIA e SNI, teve mais acesso a documentos da CIA que comprovam a participação de um agente secreto a serviço dos EUA acompanhando em um hospital militar o então Ministro da Guerra (na época tinha essa denominação), Jair Dantas Ribeiro, que se afastara do cargo dias antes do golpe de 64 por motivo de saúde.

O araponga da CIA produzia relatórios diários, que provavelmente eram repassados para os golpistas militares e civis  brasileiros. 

Tais fatos, que fazem parte da memória deste país continente, devem ser sempre lembrados, porque se alguém imagina que a CIA e outros serviços de inteligência deixaram o Brasil sossegado, enganam-se redondamente.

Quanto mais o país ganha importância no cenário internacional, o que aconteceu sobretudo nos últimos 10 anos, maior a ação dos serviços secretos estrangeiros por estas bandas. 

Nesse sentido, os brasileiros devem ficar atentos para não caírem em armadilhas sofisticadas gestadas por grupos que historicamente sempre estiveram vinculados aos interesses de potências como Estados Unidos.

Antes do golpe que derrubou o Presidente constitucional João Goulart, a CIA encheu com muitos milhões de dólares as comportas de institutos como o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e o IPES (Instituto de Pesquisas Econômicas e Socais).

O objetivo do IBAD era formar uma bancada que defendesse os interesses norte-americanos e consequentemente divulgar a catilinária anticomunista da época da Guerra Fria.

O IPES, capitaneado pelo então coronel Golbery do Couto e Silva, procurava também fazer cabeças preparando-as para o apoio incondicional ao golpe de 64.

Tais fatos não chegam a ser uma grande novidade, porque depois de tantos anos decorridos, o que muitos já sabiam, através de indícios ou pesquisas de campo, os arquivos públicos informativos a respeito deixam claros.

Nos dias de hoje, o grande mérito dos personagens mencionados no início desta reflexão é que eles revelaram (e devem continuar revelando mais fatos) antecipadamente muitas informações que se tornariam públicas, se é que se tornariam, daqui a 30, 40 ou 50 anos.

Por estas e muitas outras pode ser explicado o ódio do establishment estadunidense a figuras como Snowden, Assange, Manning e Swartz,. que na sexta-feira (20/9) foram homenageados com o Prêmio Internacional de Direitos Humanos instituído pela Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

(*) Mário Augusto Jakobskind é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato.
É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

Fonte:
http://www.diretodaredacao.com/noticia/de-espionagem-e-arapongas

quinta-feira, 11 de julho de 2013

FHC contratou empresa que participa de programa-espião dos EUA para mapear o Brasil


Matéria publicada  no Correio do Brasil em 10/07/2013*


No governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a Booz-Allen, na qual trabalhava o espião Edward Snowden, foi responsável por consultorias estratégicas contratadas pela esfera federal. Incluem-se aí o “Brasil em Ação” (primeiro governo FHC) e o “Avança Brasil” (segundo governo FHC), entre outras, como as dos programas de privatização (saneamento foi uma delas) e a da reestruturação do sistema financeiro nacional.

A reação imediata do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) às denúncias de que os EUA mantiveram uma base de espionagem no país, durante o seu governo, suscitou interrogações e recomenda providências às autoridades do país. Dificilmente elas serão contempladas sem uma decisão soberana do Legislativo brasileiro, para instalação de uma CPI que vasculhe os porões de sigilo e dissimulação no qual o assunto pode morrer.

“Entre as inúmeras qualidades do ex-presidente, uma não é o amor à soberania nacional”, sublinha a matéria publicada, nesta quarta-feira, na agência brasileira de notícias Carta Maior, que o Correio do Brasil reproduz, em seguida:

“Avulta, assim, a marca defensiva da nota emitida por ele no Facebook, dia 8, horas depois de o jornal ‘O Globo‘ ter divulgado que, pelo menos até 2002, Brasília sediou uma das estações de espionagem nas quais funcionários da NSA e agentes da CIA trabalharam em conjunto.

‘Nunca soube de espionagem da CIA em meu governo, mesmo porque só poderia saber se ela fosse feita com o conhecimento do próprio governo, o que não foi o caso. De outro modo, se atividades deste tipo existiram, foram feitas, como em toda espionagem, à margem da lei. Cabe ao governo brasileiro, apurada a denúncia, protestar formalmente pela invasão de soberania e impedir que a violação de direitos ocorra…”, defendeu-se Fernando Henrique.

O jornal afirma ter tido acesso a documentos da NSA, vazados pelo ex-agente Edward Snowden, que trabalhou como especialista em informática para a CIA durante quatro anos, nos quais fica evidenciado que a capital federal integrava um pool formado por 16 bases da espionagem para coleta de dados de uma rede mundial. Outro conjunto de documentos, segundo o mesmo jornal, com data mais recente (setembro de 2010), traria indícios de que a embaixada brasileira em Washington e a missão do país junto às Nações Unidas, em Nova York, teriam sido grampeadas em algum momento.

Espionagem e grampos não constituíram propriamente um ponto fora da curva na gestão do ex-presidente. Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity – que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende.

O próprio FHC foi gravado , autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Em outro emaranhado de fios, em 1997, gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição, que permitiria o segundo mandato a FHC. Então, como agora, o tucano assegurou que desconhecia totalmente o caso, que ficou conhecido como ‘a compra da reeleição’.

As sombras do passado e as do presente recomendam a instalação de uma CPI como a medida cautelar mais adequada para enfrentar o jogo pesado de interesses que tentará blindar o acesso do país ao que existe do lado de dentro da porta entreaberta pelo espião Snowden. O PT tem a obrigação de tomar a iniciativa de convoca-la.

Mas, sobretudo, o PSDB deveria manifestar integral interesse em sua instalação.

Soaria no mínimo estranho se não o fizesse diante daquilo que o ex-presidente Fernando Henrique definiu como exclamativa ilegalidade: “Se atividades deste tipo existiram, foram feitas, como em toda espionagem, à margem da lei…”.

O Congresso não pode tergiversar diante do incontornável: uma base de espionagem da CIA operou em território brasileiro pelo menos até 2002.

A sociedade tem direito de saber o que ela monitorou e com que objetivos.

Há outras perguntas de vivo interesse nacional que reclamam uma resposta.

O pool de espionagem apenas coletou dados no país ou se desdobrou em processar, manipular e distribuir informações, reais ou falsas, cuja divulgação obedecia a interesses que não os da soberania nacional?

Fez o que fez de forma totalmente clandestina e ilegal? Ou teve o apoio interno de braços privados ou oficiais, ou mesmo de autoridades avulsas?

Quem, a não ser uma Comissão Parlamentar, teria acesso e autoridade para responder a essas indagações de evidente relevância política nos dias que correm?

Toda a mídia progressista deveria contribuir para as investigações dessa natureza, de interesse suprapartidário, com a qual o Congresso daria uma satisfação ao país depois da lenta e hesitante reação inicial do Planalto e do Itamaraty, cobrada até por FHC.

Carta Maior e o Correio do Brasil alinham-se a esse mutirão com algumas sugestões de fios a desembaraçar.

Por exemplo: o repórter Geneton Moraes Neto acaba de publicar no G1 (um site do sistema Globo) um relato com o seguinte título: “O dia em que o ministro Fernando Henrique Cardoso descobriu o que é “espionagem”: secretário de Estado (norte-)americano sabia mais sobre segredo militar brasileiro do que ele”.

A reportagem, que vale a pena ler, remete a uma entrevista anterior, na qual FHC comenta seu desconhecimento sobre informações sigilosas do país dominadas por um graduado integrante do governo norte-americano.

O tucano manifesta naturalidade desconcertante diante do descabido.

A mesma naturalidade com a qual comenta agora seu esférico desconhecimento em relação às operações da CIA durante o seu governo.

Ter sido o último a saber, no caso citado por Geneton, talvez seja menos grave do que não procurar, a partir de agora, informar-se sobre certas coincidências, digamos por enquanto assim.

Há questões que gritam por elucidação.

A empresa que coordenava o trabalho de grampos da CIA, a Booz-Allen, na qual trabalhava Snowden, é uma das grandes empresas de consultoria mundial.

No governo FHC, ela foi responsável por consultorias estratégicas contratadas pela esfera federal.

Inclua-se aí desde o “Brasil em Ação” (primeiro governo FHC) até o “Avança Brasil” (segundo governo FHC) e outras, como as dos programas de privatização (saneamento foi uma delas) e a da reestruturação do sistema financeiro nacional.

Todos os trabalhos financiados pelo BNDES. Alguns exemplos:

• Caracterização dos Eixos Nacionais de Desenvolvimento. Programa Brasil em Ação. BNDES. Consórcio FIPE/BOOZ-ALLEN. 1998;

• Alternativas para a Reorientação Estratégica do Conjunto das Instituições Financeiras Públicas Federais.

• Relatório Saneamento Básico e Transporte Urbano. Consórcio FIPE/BOOZ-ALLEN & Hamilton. BNDES/Ministério da Fazenda. São Paulo. 2000

Vale repetir: a mesma empresa guarda-chuva do sistema de espionagem que operou no Brasil até 2002, a Booz Allen, foi a mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB, para abastecer uma estratégia de alinhamento (‘carnal’, diria Menen) do Brasil com a economia dos EUA. Mais detalhes desse ‘impulso interativo’ podem ser obtidos aqui:

Na aparência, sempre, a perfeita identidade com os inoxidáveis interesses nacionais.
O estudo dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento, por exemplo, foi realizado por um consórcio sugestivamente abrigado sob o nome fantasia de “Brasiliana”.

Por trás, o comando a cargo da Booz-Allen & Hamilton do Brasil Consultores, com suporte da Bechtel International Incorporation e Banco ABN Amro.

O ‘mutirão’ (até a consultoria do banco) foi pago com dinheiro público pelo governo federal, sob a supervisão das equipes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Os resultados do trabalho levaram a dois eixos centrais da concepção tucana de desenvolvimento: o “Brasil em Ação” e o “Avança Brasil”.

Reconheça-se, tudo feito às claras, em perfeita sintonia entre o Estado brasileiro e a empresa guarda-chuva do sistema de espionagem em operação dupla no país.

Na pág. 166 de uma publicação do BNDES, a “contribuição” da Booz-Allen está explicitamente citada:

Uma análise de como a turma da versátil Booz-Allen teve robusta influência na modelagem do sistema financeiro nacional (leia-se, menos bancos públicos, conforme o cânone da concepção de Estado mínimo) pode ser avaliada aqui:

Um fato curioso e que não pode ser desconsiderado na avaliação criteriosa de uma incontornável CPI sobre o assunto: a ex-embaixadora dos Estados Unidos no Brasil Donna Hrinack, tão logo se despediu do cargo no país, sentou-se na cadeira de assessora qualificada da Kroll.

A Kroll, como se sabe, é uma empresa internacional de espionagem que operou a serviço de Daniel Dantas e de seu fundo, o Opportunity.

Trata-se, coincidentemente, de um dos braços financeiros mais importantes do processo de privatização no Brasil, estreitamente associado ao Citybank e, claro, a toda a “carteira” de acionistas que injetou dinheiro na farra neoliberal dos anos 90.

A Kroll foi usada para bisbilhotar autoridades e chegou a espionar ministros do governo Lula, como ficou evidente com a Operação Chacal, da Polícia Federal, deflagrada em 2004.

Como se vê, as revelações de Snowden, ao contrário do que sugere a nota de FHC, definitivamente, não deveriam soar como algo inusitado aos círculos do poder, em Brasília. Se assim são tratadas, há razões adicionais para suspeitar que um imenso pano quente será providenciado para evitar que as sombras fiquem expostas à luz.

A questão, repita-se, não se esgota em manifestar a indignação nacional pelo que Snowden denunciou.
O que verdadeiramente não se pode mais adiar é a investigação pública do que foi espionado, com que finalidade e a mando de quem.

Isso quem faz é uma Comissão Parlamentar de Inquérito”.


Nota: Veja os links remissivos na matéria original do Correio do Brasil
http://correiodobrasil.com.br/destaque-do-dia/fhc-contratou-empresa-que-participa-de-programa-espiao-dos-eua-para-mapear-o-brasil/626668/

Veja também o video de Bob Feranandes sobre a espeionagem da CIA,FBI,DEA, NSA ..no Brasil, onde ele relata as entrevistas que fez para Carta Capital, que antecipavam essas denúcias..

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/os-86-deputados-que-nao-repudiaram-a-espionagem-dos-eua-contra-o-brasil.html


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Arrogância, seu nome é Estados Unidos


Por Mário Augusto Jakobskind - Rede Democrática


A arrogância dos Estados Unidos não chega a ser uma surpresa, mas sempre provoca indignação. No caso de Edward Snowden, ex-agente da CIA realmente passou dos limites. Snowden concretamente está prestando um serviço de utilidade pública para a humanidade ao fazer as revelações sobre a ação imperial de grampeamento de e.mails e telefônicos por parte da potência hegemônica em várias partes do mundo. O Brasil, como se sabe, não ficou de fora e foram monitoradas mais de um bilhão de mensagens da internet e telefônicas Ou seja, uma intromissão indevida em assuntos internos de um país.

Mas não é o que pensam parlamentares norte-americanos, que lançaram ameaças contra países latino-americanos que eventualmente concedam asilo político a Snowden. Republicanos e democratas querem que o governo estadunidense promova sanções econômicas e comerciais para quem conceder o asilo político ao novo herói dos tempos cibernéticos.

O primeiro a fazer a ameaça foi o obscuro republicano Mike Rogers, que pregou a linha dura contra empresas latino-americanas que, segundo ele, “gozam dos benefícios do comércio com Estados Unidos”. Já outro parlamentar arrogante, desta feita o democrata Robert Menendez, titular do Comitê de Relações Exteriores do Senado, ameaçou a Venezuela, Nicarágua e Bolívia ao afirmar que "é evidente que qualquer aceitação de Snowden, qualquer dos três países ou qualquer outro, vão ficar diretamente contra os Estados Unidos”.

Na verdade, não é de hoje que os Estados Unidos se intrometem indevidamente em assuntos internos do Brasil. O site Wikileaks revelou há anos que telegramas da diplomacia estadunidense mostram ações concretas da Casa Branca para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial.

E tudo foi feito com a colaboração da mídia de mercado nacional Ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, segundo o WikLeaks, os EUA pressionaram autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão.

WikLeaks informou também que representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo estadunidense revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta deixou claro que os EUA “não querem” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.

Para quem tem memória curta, vale lembrar que a Base de Alcântara explodiu e houve denúncias segundo as quais o acidente teria sido provocado por agentes da CIA. As informações do WikLeaks demonstram as pressões norte-americanas para evitar que o Brasil continuasse com o programa em Alcântara e indicam que não seria surpresa alguma se a inteligência norte-americana fosse a responsável pela explosão que matou cientistas brasileiros e provou estragos incalculáveis ao programa espacial.

Por estas e muitas outras, que remontam inclusive fatos relacionados com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas e o golpe civil militar que tirou do poder o Presidente constitucional João Goulart, causou espécie a declaração em um primeiro momento do Ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, de que as denúncias do ex-agente da CIA Edward Snowden o surpreenderam.

É muito lamentável o fato de um Ministro brasileiro desconheça tais fatos da história brasileira.

No mais, Edward Snowden, Julien Assange e o soldado estadunidense Bradley Manning devem ser defendidos pela violência que estão sofrendo por parte de um país que se julga o dono do mundo. Defendê-los é até uma questão de direitos humanos.

http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=4744:arrogância-seu-nome-é-estados-unido


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Há o golpismo no DNA da mídia

27/04/2013 - O inconvertível DNA golpista da grande mídia
- das Malvinas à Goiás
- Palavras Diversas

Matéria de capa de Carta Capital traz a tona a rede criminosa de escutas ilegais, montada em benefício do governador de Goiás em exercício, o tucano Marconi Perillo.

Após escândalo que afastou os holofotes do verdadeiro governador do estado, Carlinhos Cachoeira, goianos continuam a mercê de um governo suspeito.

A pergunta é apenas retórica, mas precisa ser feita tantas e quantas vezes for necessário, para ver se algo de diferente ocorre:

Por que será que a imprensa hegemônica brasileira não se preocupa com determinados escândalos?

Por que será que Carlinhos Cachoeira permanece, tranquilo, em lua de mel, quem sabe prestes a frequentar as páginas de "Caras", e ninguém mais o importuna?

Aliás o contraventor goiano recebeu um "prêmio" da justiça do Rio de Janeiro.

Segundo noticiado, sem muito alarde, ignorado pela pauta do poderoso Jornal Nacional, sem direito a matéria de destaque, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) reduziu sua pena para 6 anos e 8 meses de reclusão, anteriormente teria que cumprir 8 anos de reclusão.

A imprensa brasileira anda ocupada demais com o preço do tomate, com as decisões do Copom sobre elevar ou não a taxa Selic, com a jogada política de Eduardo Campos, ou em oferecer generosos espaços midiáticos para os supremos do STF e suas divagações genéricas sobre tudo o quanto for possível arguir ou ser arguido.

Sendo mais claro: a procura de uma notícia que abale o governo Dilma e suas pretensões eleitorais para 2014 ocupa demasiadamente os figurões da grande imprensa.

O resto, daquilo que não for o que anseiam, parece noticiário sem importância...

Mas é preciso perguntar o óbvio para que mais questões surjam e cause algum, mínimo que seja, constrangimento aos barões da mídia brasileira.

Carta Capital, novamente, tenta furar o bloqueio que se forma em torno de determinados personagens brasileiros e apresenta uma matéria de Leandro Fortes sobre mais um mal feito praticado em favor do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB.

No site da revista semanal a chamada da matéria apresenta trecho de mais um ato criminoso cometido em favor do ex-sócio político de Cachoeira e amigo de Demóstenes Torres:

"... Por meio de dois jornalistas e dois integrantes do primeiro escalão da administração goiana, ele operou entre 2011 e 2012 – época em que Perillo foi investigado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal – uma rede ilegal de grampos telefônicos em favor do tucano.

O hacker tinha como missão invadir contas de adversários – e até aliados – do governador por meio de perfis falsos na internet.

O contato era feito por um casal de radialistas de Goiânia, Luiz Gama e Eni Aquino.

Os pagamentos, mostra a reportagem, tinham como fontes o jornalista José Luiz Bittencourt, ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação, e Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo e atual secretário de Articulação Política no estado.

O esquema é investigado pelo Ministério Público Federal."

O texto informa que o Ministério Público Federal investiga o caso. Roberto Gurgel, Procurador Geral da República, se empenhará com bravura e destemor neste caso?

Parece outra pergunta meramente retórica...

Demóstenes Torres não perdeu sua aposentadoria, graças a voto de Gurgel no Conselho Nacional do Ministério Público.

O Correio do Brasil noticiou fato que passou discretamente no painel de notícias da grande imprensa, vai ver é por que, nem o Procurador Geral da República ou o ex-senador do DEM, são aliados do governo...

"Por maioria simples, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, na tarde desta quarta-feira, que o ex-senador Demóstenes Torres [foto abaixo] – afastado do cargo de procurador de Justiça do MP de Goiás até o fim de maio – terá como pena máxima a aposentadoria compulsória.

Passará a receber R$ 22 mil por mês, em caráter vitalício, mesmo depois de ter o mandato cassado por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

(...) Ainda no julgamento desta quarta-feira [24/04], por sete votos a cinco, o Plenário decidiu que Demóstenes Torres tem cargo vitalício.

A vitaliciedade, entenderam os pares, é garantia da sociedade brasileira, e não prerrogativa do membro individual do Ministério Público.

Segundo a maioria, esta prerrogativa é inerente ao exercício da atividade do membro do Ministério Público.

Votaram com a divergência os conselheiros Jarbas Soares, Alessandro Tramujas, Lázaro Guimarães, Jeferson Coelho, Maria Ester, Mario Bonsalgia e Roberto Gurgel".

Outra matéria publicada em Carta Capital talvez explique porquê tais perguntas sejam solenemente ignoradas e nos mostrem, apesar de negativas veementes, o quanto o partidarismo é vigente nas redações da velha mídia brasileira e já fazem parte da cultura institucional.

A imagem abaixo saiu de um episódio histórico na América do Sul, a Guerra das Malvinas, e trata do empenho comovente de Alexandre Garcia em pintar os argentinos como únicos vilões no conflito e tornar legítima a postura bélica dos ingleses junto a opinião pública brasileira.

Faz muito tempo, mas a postura desses senhores que escrevem e opinam até os dias atuais, em veículos de comunicação que se apegam ao que há de mais atrasado para fazer valer suas idéias ou interesses, continua a mesma e coerente ao DNA golpista que carregam em si.

Recentemente, o Wikileaks revelou que Diogo Mainardi, Merval Pereira e William Waack [foto] prestaram assessoria à Embaixada Americana sobre as eleições presidenciais de 2010.

Em alguns trechos, conforme publicado em Conversa Afiada, é possível identificar o tipo de jornalismo que praticam: partidário, medíocre e combinado.

Além de nada criativo, se ocupam do ofício de manufaturar fatos e testar possibilidades que sirvam para locupletar seus pleitos.

"O telegrama “10RIODEJANEIRO32” relata que Ataulfo Merval de Paiva (foto) reuniu-se com o cônsul no dia 21 de janeiro de 2010 para falar sobre a conversa que teve com Aécio Neves e buscar seu compromisso para a campanha de Serra.

Os documentos revelam ainda a relação desses jornalistas com o PSDB, o que era óbvio pela (…) que realizam contra o governo do PT pela direita.

Diogo Mainardi [abaixo] reuniu-se em almoço privado no dia 12 de janeiro de 2010 com o cônsul dos EUA no Rio de Janeiro para (…) a formação da chapa da direita nas eleições presidenciais durante a qual revelou sua (…) ao PSDB.

O documento revela que a “recente coluna [de Mainard], na qual propõe o nome de Marina Silva como vice-presidente na chapa de Serra, foi baseada em conversa entre Serra e Mainardi, na qual Serra dissera que Marina Silva seria a ‘companheira de chapa de seus sonhos’ (…)."

"Naquela conversa com Mainardi, Serra expôs as mesmas vantagens que, depois, Mainardi listou em sua coluna: a história de vida de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda, que contrabalançariam a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres no Brasil, e poriam Dilma Rousseff (PT) em desvantagem na esquerda, ao mesmo tempo em que ajudariam Serra a superar o peso da associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso que Dilma espera usar como ponta de lança de ataque em sua campanha”.

De Alexandre Garcia [foto], e sua obediência aos interesses britânicos, até a mal sucedida consultoria do trio conservador, Merval, Waack e Mainardi, os contextos políticos mudaram nessas três décadas, tanto no Brasil quanto no planeta, mas aquilo que representam e praticam parece seguir um modelo histórico inconvertível, com grande afeição a desinformação e a manipulação dos fatos para alcançar proveitos, aqueles ditos inconfessáveis, que não podem ser admitidos em seus púlpitos midiáticos.

Será por essas e [tantas] outras que a imprensa hegemônica brasileira não se preocupa com determinados escândalos?

A Veja desta semana sai em socorro ao STF e seus aliados de toga e omite, descaradamente, novo escândalo envolvendo Perillo, que é amigo de Policarpo Jr., Demóstenes Torres e Cachoeira...

É o DNA golpista prontamente manifestado

Fonte:
http://www.diversaspalavras.com/2013/04/o-inconvertivel-dna-golpista-da-grande.html

Não deixe de ler:
- Fora Marin! - Rede Democrática
- BNDES financiará a democratização midiática - Cesar Fonseca
- Um 1º de Maio para expressar a liberdade - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.