terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vencemos. Vencemos

Por Christina Iuppen, professora de idiomas e militante da esquerda no Rio de Janeiro

Companheiros, alunos, amigos,

Vencemos. Vencemos.

É preciso repetir isto de vez em quando, porque ainda não estamos muito habituados com essa coisa de ser maioria... e vencer. Ainda são sensíveis em nós as marcas da espoliação, do descaso, do isolamento, da miséria e vergonha que nos trouxeram séculos de subserviência sem remissão ao capital colonial e imperialista.

Ainda tratamos a vitória como uma roupa nova, não totalmente ajustada. Até porque sabemos que os ajustes dependem de ainda mais trabalho nosso.

Para além do cansaço e da coluna em pandarecos, dos micos assumidos de sair pelas vidas adesivados como caminhões de estrada, chamando conscientemente a atenção dos estranhos e provocando discussões que nos propiciassem chance de repassar certezas, essa vitória terá imprimido em nós lições para não esquecer, patrimônios de vida e memória.

Reaprendemos a falar diretamente com os estranhos. Redescobrimos o valor de olhar nos olhos de nosso povo, longe dos PCs. Superamos as contradições de trabalhar com o que visceralmente rejeitáramos. Combinamos as novas armas da informática com os seculares recursos do corpo-a-corpo, sem subestimar a cada qual. Vivenciamos o eterno prazer e orgulho de estar entre companheiros. Garimpamos insuspeitos valores em novos aliados. Engolimos preconceitos - e incontáveis sapos.

E foi muito, muito bonito ver, mal acabado o primeiro turno, a militância ressabiada reunir-se, surgindo de cada canto e de todos os tempos pelo chamado de consciência e autodefesa, como um corpo de guerreiros tão mais combativos quando ameaçados.

Há tantas tarefas agora à nossa frente... Compreendemos que todas essas batalhas vencidas apenas nos garantiram o direito sagrado de continuar na arena, de trabalhar a esperança, de discutir vias e modos para avançar na conquista do sonho que nos embala e alenta desde a adolescência.

Não se agradece à militância. Então, eu os parabenizo, confraternizo com vocês, abraço a cada um e sou grata por haverem generosamente construído e compartilhado comigo este momento tão precioso de nossa História.

Três minutos para relaxar, um grito de iiiuuupppiiihhhh!! Dilma lá!, outro minuto para nos proclamar a nata da humanidade... e logo estaremos de volta. Agora mesmo é que a luta continua.

Um abraço muito longo e fraterno.

Christina