segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Isto a imprensa não fala

Por Ernesto Germano, assessor político do Sintergia-RJ

Quem é Paulo Henrique Cardoso?

Criar notícias envolvendo o filho do Lula é fácil e os nossos jornais estão aí mesmo para continuar espalhando essas fofocas, mas porque não falam do filho do FHC que se locupletou bastante durante o processo de privatizações? Para quem não sabe, o Paulo Henrique Cardoso tinha (não sei se ainda tem) uma “agência de publicidade e comunicações” que era responsável pelas publicidades das empresas que estavam sendo privatizadas. E tem mais... Depois de privatizadas, algumas dessas empresas fizeram contratos com a agência do Paulo Henrique que se responsabilizou pela “comunicação interna e publicidade” das mesmas.

Do tempo que morei em Volta Redonda, ainda tenho guardado o material publicitário da privatização da CSN e é assinado pela empresa do Paulo Henrique. Também tenho todo o material feito durante a venda (entrega) da Vale do Rio Doce. Tenho guardado os informativos dessa empresa depois da privatização e, no expediente, vemos lá que a empresa responsável pela publicação é do filho do FHC!

Querem mais? “O fiasco dos 500 anos”

As festividades dos 500 anos de descobrimento do Brasil, sob coordenação do ex-ministro do Esporte e Turismo, Rafael Greca (PFL-PR), se transformaram num fiasco monumental. Índios e sem-terra apanharam da polícia quando tentaram entrar em Porto Seguro (BA), palco das comemorações, enquanto a réplica da caravela de Cabral estava enguiçada no meio do oceano. O filho do presidente, Paulo Henrique Cardoso, é um dos denunciados pelo Ministério Público de participação no episódio de superfaturamento da construção do estande brasileiro na Feira de Hannover, em 2000, como parte dessas comemorações.

Paulo Henrique Cardoso, 45 anos, é filho de FHC, sociólogo por formação acadêmica (estudou na Unicamp), mas nunca exerceu a carreira. Atualmente é diretor-geral da revista Brasil Sempre, uma publicação trimestral com mais de 150 páginas, com oito mil exemplares de tiragem.

A revista não é vendida em bancas. Por um antigo contrato, é distribuída para embaixadas, organismos internacionais e empresas. A revista é uma produção do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), uma ONG que é sustentada por 55 grupos empresariais e que tem como objetivo discutir a atuação das empresas brasileiras num mundo globalizado.

Mas... prestem atenção para o detalhe. Vejam a lista dos conselheiros editoriais da revista. Na página 2 vemos nomes como Álvaro Cunha, das Organizações Odebrecht, Jorge Gerdau Johannpeter, da Metalúrgica Gerdau, Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional, só para citar alguns dos que financiam a revista do Paulinho Henrique. São os mesmos que aparecem nas privatizações de estatais durante o governo FHC.

A carreira profissional do PHC não é um exemplo de “estabilidade” profissional. Ele chegou a cursar Economia na Unicamp, mas acabou formando-se em Sociologia. Ainda assim, não exerceu a profissão.

Abraçou a carreira de marketing e publicidade e fundou, nos anos 70, uma produtora independente, a Rádio 2. Como “papai” ainda não estava no poder, a produtora durou pouco.

Na década seguinte, ingressou no meio cultural e arrumou trabalho na produtora de cinema e vídeo Intervalo, de Walter Salles Júnior. Mudou novamente de emprego e foi parar na Miksom, outra produtora de vídeo, na função de diretor.

A coisa começou a mudar quando “papai” FHC virou senador. PHC foi trabalhar na Rádio MEC e depois na extinta TV Manchete.

Em 1995, quando “papai” colocou a faixa presidencial, Paulo Henrique arrumou emprego na ex-estatal Companhia Siderúrgica Nacional. Começou fazendo a campanha publicitária da empresa, mas já tinha feito a campanha da privatização. Sua principal função, depois, era cuidar da imagem institucional da siderúrgica.

Depois da privatização da Light, no Rio de Janeiro, (maio de 1996), PHC veio assumir um novo cargo de “gerente de marketing” da ex-estatal. Como se vê, uma carreira construída com trabalho e suor... do povo brasileiro, é claro!

Quem é o “assessor” de Serra nesta campanha?

Um dos principais assessores de Serra na atual campanha presidencial, responsável por desenvolver o programa de política energética dos tucanos, é David Zylbersztajn. No último dia 3 de agosto, foi para os jornais criticar a “política energética de Lula”. Em matéria publicada no “Estadão” (é claro!), ele chama a política do Lula de “estatizante” e que isto está prejudicando o país. Na mesma matéria ele se diz contrário a criar uma estatal para cuidar do pré-sal.

Tudo bem? Até aí, nada a estranhar. Todos podem ter opiniões e expressá-las. O problema é quando vamos ver quem é o tal David Zylbersztajn!

Eu já escrevi sobre ele. Ele é (era) genro de FHC (casado com Beatriz Cardoso). Foi diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo e estava encarregado de preparar a empresa para a privatização. Na época o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, disse que ele foi escolhido para “desmontar o esqueleto da Petrobras, osso por osso”. Para quem esqueceu, Sérgio Motta (ou “Serjão trator”) foi aquele ministro de FHC envolvido na venda da Telebrás e da Vale do Rio Doce!

Na mesma época Zylbersztajn foi também “nomeado” pelo sogrão para o conselho administrativo do Banco do Brasil. Sua tarefa? Apressar a privatização do BB.

Antes disto, ele havia ocupado o cargo de secretário de Energia de São Paulo e comandou as privatizações das três estatais de energia elétrica mais caras do Estado: CESP, Eletropaulo e Companhia Paulista de Força e Luz.

No caso desta última (a Companhia Paulista de Força e Luz) o roubo é imenso! A CPFLidéia, isto corresponde a todo o consumo do Chile! A falcatrua foi grande. O leilão aconteceu na Bolsa de Valores de São Paulo e o preço mínimo era de US$ 1,7 bilhão, mas aí entrou a “mão mágica” do governo FHC e o BNDES deu uma “ajudinha” ao comprador, emprestando 70% do valor de compra. Em outras palavras, o desgoverno FHC anunciou um corte de 2 bilhões de reais na área social, para economizar, e emprestou cerca de 1,3 bilhão para que o grupo VBC (Votorantim, Bradesco e Camargo Correa), vencedor do leilão que só durou cinco minutos! Ah! Um pequeno detalhe: o grupo VBC ganhou também 20 anos para pagar este “empréstimo”. Tudo comandado pelo Zylbersztajn!

As privatizações das empresa elétricas de São Paulo são exemplares para mostrar o que pretendem os tucanos se voltarem ao poder. As três hidroelétricas vendidas - CESP, Eletropaulo e Companhia Paulista de Força e Luz – valiam 42 bilhões de dólares, mas o Governo paulista arrecadou pouco mais de 10 bilhões com a venda. O restante do dinheiro “sumiu”!

Quem estava dirigindo todo o processo de privatização em São Paulo? O genro de FHC e atual assessor de Serra, David Zybersztajn. Aliás, foi o segundo familiar de FHC envolvido em negócios suspeitos. O primeiro é a nora Ana Lúcia Magalhães Pinto, casada com Paulo Henrique Cardoso (aquele das privatizações e que agora dirige uma revista financiada pelas empresas que ganharam os leilões) e indiciada juntamente com os irmãos donos do Banco Nacional, que já causou ao país um prejuízo de cerca de 10 bilhões de dólares. Depois do escândalo, Paulo Henrique arrumou uma separação com Ana Lúcia e passou a namorar Tereza Collor de Mello, viúva do irmão do ex-presidente Fernando Collor de Mello.